5 anos após pandemia, taxas de exames preventivos de câncer seguem baixas

Cinco anos após o início da pandemia de Covid-19, o Brasil não avançou nas taxas de realização de exames preventivos de câncer, segundo levantamento da Umane, organização da sociedade civil, feito com base em dados disponíveis no Observatório da Saúde Pública (OSP).

Segundo a pesquisa, após queda generalizada na realização de exames preventivos durante a pandemia contra os cânceres colorretal, de mama e do útero, apenas o primeiro registrou recuperação desde 2020. Os demais seguem em baixa.

Durante a pandemia, devido às medidas de isolamento social, cuidados com exames de rotina foram represados, resultando no adiamento de testes de rastreamento e triagem de doenças crônicas. No entanto, os dados do levantamento sugerem que a prevenção e o cuidado com a saúde ainda não foram reestabelecidos mesmo com o fim da emergência pública de saúde internacional.

“Os cuidados preventivos contra o câncer no país ainda não registraram, de maneira generalizada, nem diminuição de fatores de risco para seu desenvolvimento – como, por exemplo, o tabagismo, consumo de álcool, inatividade física e alimentação não saudável – nem ampliação das coberturas de triagem e rastreamento segundo os protocolos nacionais vigentes, como o papanicolau, a mamografia e a colonoscopia após o fim da pandemia, o que demanda um esforço público de conscientização da população e, também, garantia de atendimento equitativo para que todos tenham acesso ao exame no tempo adequado”, afirma Evelyn Santos, gerente de investimento social da Umane.

Registros de mamografia e papanicolau ainda não atingiram patamar pré-pandemia

Segundo dados do Vigitel, disponíveis no OSP, da Umane, o número de mulheres com 18 ou mais anos que fizeram exame de mamografia nas capitais brasileiras caiu antes da pandemia e ainda não registrou recuperação.

Em 2007, 51,2% das mulheres adultas já tinham feito mamografia; em 2017, o número subiu para 66,7% e inicia queda, atingindo 59,8% em 2023. Na série histórica do Vigitel, no relatório oficial da análise temporal de 2007 a 2023, o percentual de mulheres de 50 a 69 anos que realizaram mamografia nos últimos dois anos subiu de 71,1% para 73,1%, mas se manteve abaixo de 78,5%, valor atingindo em 2017.

“Avançar com mais equidade na cobertura da mamografia, em todos os territórios do país, assim como nas regiões metropolitanas e áreas rurais, deve ser uma prioridade na busca pela universalidade do acesso e equidade em saúde”, avalia Santos.

Já os exames de ultrassonografia mamária bilateral têm apresentado recuperação após a pandemia, de acordo com dados do DATASUS-SAI, levantados pela Umane. Em 2019, o país registrou recorde da década, com 1,4 milhão de exames realizados em todos os municípios brasileiros.

Entre 2019 e 2020, a queda no número desses exames foi de 28,4%, atingindo 984 mil. No entanto, no ano seguinte os exames foram retomados e, entre 2020 e 2024, aumentaram em 92,7%, alcançando, no ano, 1,9 milhão.

Por fim, os exames preventivos de câncer de colo de útero — papanicolau e colposcopia — ainda não apresentaram retomada após a pandemia.

Os exames de papanicolau têm registrado queda nas capitais brasileiras antes mesmo da pandemia, segundo dados do Vigitel. Em 2017, 84% das mulheres residentes nas capitais brasileiras realizaram o Papanicolau ao menos uma vez na vida. Esse número diminuiu ao longo dos anos, sendo 78,9% em 2023.

Ao comparar estes dados com a Pesquisa Nacional de Saúde 2013-2019, a Umane destaca que, mais uma vez, há maior cobertura de prevenção nas capitais avaliadas pelo Vigitel, demonstrando a necessidade de um abordagem focada na redução das desigualdades de acesso a esses exames.

Número de colonoscopias realizadas pelo SUS cresceu entre 2019 e 2024

O percentual de colonoscopias — exame para rastreamento do câncer colorretal — realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todos os municípios brasileiros cresceu 65,5% entre 2019 e 2024, somando 574,6 mil exames, sendo 373,6 mil feitos por mulheres e 201 mil por homens, segundo o levantamento feito pela Umane, com base em dados do DATASUS-SIA, disponíveis no OSP.

Em 2019, 347,1 mil colonoscopias foram feitas. Em 2020, como esperado, a quantidade caiu. O total foi de 242,4 mil, com 149,7 mil de mulheres e 92,7 mil de homens. No entanto, em 2021, o número de exames cresceu para 304,7 mil, com 191,2 mil mulheres e 113,5 mil homens. Vale destacar que este também foi o ano em que começaram a ser distribuídas as vacinas para Covid-19 no Brasil.

Entidades médicas pedem faixa etária maior para mamografia de rastreio

Este conteúdo foi originalmente publicado em 5 anos após pandemia, taxas de exames preventivos de câncer seguem baixas no site CNN Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.