Extradição de imigrantes expõe crise entre poderes nos Estados Unidos

Cresce a tensão entre a Casa Branca e a Justiça americana. O presidente Donald Trump teria contrariando uma decisão judicial quando expulsou do país um grupo de imigrantes venezuelanos para El Salvador, durante o fim de semana.

Em uma reunião tensa nesta segunda-feira (17), um advogado de Trump se recusou a apresentar a base jurídica da decisão.

O governo Trump defendeu a decisão de deportar imigrantes venezuelanos com base em uma lei que não era usada desde a Segunda Guerra Mundial. O chamado “Ato dos Estrangeiros Inimigos”, de 1798, dava ao presidente americano autoridade para deportar pessoas de países que estavam em conflito com os Estados Unidos.

A justiça discordou. O juiz James E. Boasberg determinou no último sábado que os aviões com quase duzentos imigrantes venezuelanos deveriam voltar – mas os voos seguiram para El Salvador.

A Casa Branca alega que as aeronaves já estavam sobrevoando águas internacionais quando a ordem judicial foi decretada – e por isso o governo americano não precisaria seguir a diretriz. Advogados dos imigrantes afirmam que isso não importa, e que os aviões deveriam ter voltado de qualquer forma.

“Esta administração agiu dentro dos limites da lei novamente, dentro da autoridade constitucional do presidente e sob a autoridade concedida a ele pela Lei dos Estrangeiros Inimigos. Estamos bastante confiantes disso e totalmente confiantes de que vamos ganhar esse caso no tribunal.”, disse a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.

Em meio às polêmicas sobre as deportações, Trump também ordenou a maior ação militar do segundo mandato até então nesse final de semana.

Militares conduziram uma série de ataques em larga escala contra os Houthis, um grupo apoiado pelo Irã no Iêmen, no momento em que os Estados Unidos tentam fechar um acordo nuclear com o governo iraniano.

Os bombardeios mataram pelo menos 50 pessoas e deixaram outras cem feridas, dentre elas crianças e mulheres, segundo o Ministério da Saúde, controlado pelos Houthis. Nesta segunda, o presidente americano afirmou que o Irã seria responsabilizado por qualquer resposta vinda do grupo no Iêmen.

No fim de 2023, os Houthis começaram a atacar navios americanos e do Reino Unido, afirmando que estavam agindo em solidariedade à Gaza e contra Israel. As ofensivas prejudicam o comércio global, já que acontecem em rotas marítimas importantes.

Os Estados Unidos passaram a retaliar os Houthis ainda sob o comando de Joe Biden, mas as ações de Trump escalam o nível das investidas.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Extradição de imigrantes expõe crise entre poderes nos Estados Unidos no site CNN Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.