Tirzepatida, remédio contra obesidade, reduz risco de morte de adultos com insuficiência cardíaca e obesidade, afirma farmacêutica


Tirzepatida é a molécula do medicamento Mounjaro, da Eli Lilly, já aprovado no Brasil para o tratamento da diabetes 2. Uma caixa de Mounjaro, um medicamento injetável de tirzepatida usado para tratar diabetes tipo 2 e fabricado pela Lilly
REUTERS/George Frey/Arquivo
A farmacêutica Lilly anunciou nesta quinta-feira (1º) que o uso de tirzepatida é capaz de reduzir o risco de morte em adultos com um tipo de insuficiência cardíaca e obesidade. Além disso, o remédio reduziu o total de hospitalizações por insuficiência cardíaca e o aumento do uso de diurético oral para tratamento dos pacientes cardíacos.
A tirzepatida é a molécula usada no medicamento Mounjaro. O remédio está aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento de diabetes tipo 2.
Ainda sem divulgação em revista científica ou revisão por cientistas independentes, os dados anunciados fazem parte do estudo clínico de fase 3 SUMMIT. Segundo a empresa, a pesquisa acompanha 731 participantes nos EUA, Argentina, Brasil, China, Índia, Israel, México, Porto Rico, Rússia e Taiwan.
A redução dos desfechos negativos foi verificada em um grupo específico de pacientes cardíacos, aqueles que sofrem de insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (leia mais sobre a condição abaixo).
A empresa diz que “continuará avaliando os resultados do SUMMIT, que serão apresentados em uma reunião científica e submetidos a um periódico para revisão por pares”. Além disso, planeja enviar os resultados ao FDA (Food and Drug Administration) dos EUA.
Segundo a empresa, a redução do “risco relativo para a primeira ocorrência de desfechos cardiovasculares” foi de 38%. Entre os chamados desfechos estão a morte, hospitalizações e aumento na medicação.
De acordo com a empresa, os eventos adversos mais comumente relatados no estudo foram náuseas, diarreia, diminuição do apetite e constipação, geralmente leves a moderados em gravidade. A perda de peso também foi relatada: “na análise de eficácia estimada, a tirzepatida levou a uma redução de peso de 15,7%”, informou a empresa.
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Insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEp)
A ICFEp é uma condição na qual a câmara de bombeamento do coração fica rígida, o que faz com que o órgão não tenha capacidade de bombear o sangue adequadamente para todo o corpo. Ela está associada a uma série de sintomas e limitações físicas que afetam a qualidade de vida dos pacientes, como fadiga, falta de ar, redução da capacidade de se exercitar e inchaço das extremidades.
“Mundialmente 64 milhões de pessoas vivem com insuficiência cardíaca e até 2030 a previsão é de um aumento de mais de 50%. Essa condição impacta muito a qualidade de vida dos pacientes, e no Brasil, ela é a causa número 1 de hospitalização de pessoas acima de 60 anos, sem contar o impacto de mortalidade. Em 5 anos após o diagnóstico, a taxa de mortalidade é de aproximadamente 50%. Por isso, resultados como os alcançados com tirzepatida são tão importantes para tratar essa doença”, explicou, em nota, Luiz Magno, Diretor Sênior da Área Médica da Lilly Brasil.
Como funciona a tirzepatida?
Considerada a substância mais efetiva na perda de peso disponível no mercado, a tirzepatida proporciona reduções que chegam a valores superiores a 20% em um período de 9 meses – como demonstraram dados de um estudo publicado na revista científica JAMA (Journal of the American Medical Association).
💊A substância simula a ação de dois hormônios no corpo:
GIP: que atua na liberação de insulina, diminuindo o apetite e a glicose sanguínea;
GLP-1: que atrasa o esvaziamento gástrico, promovendo a saciedade e diminuindo o apetite.
Como os demais remédios que geram perda de peso, como o Ozempic e o Victoza, a tirzepatida controla a glicose no sangue e proporciona saciedade.
Apesar de já ter seu uso aprovado pela Anvisa, o Mounjaro ainda não está disponível no mercado brasileiro por conta da alta demanda global. A previsão é que ele comece a ser comercializado ainda em 2024.
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