Dia Mundial da Água: presidente da ANA analisa cenário hídrico brasileiro

No Dia Mundial da Água, celebrado neste sábado (22), Verônica Sánchez, presidente da ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), destacou os principais desafios enfrentados pelo Brasil na gestão dos recursos hídricos.

Sánchez ressaltou o crescimento da demanda por água em todo o planeta, impulsionado pelo desenvolvimento das sociedades e pela urbanização. “À medida que as sociedades se desenvolvem, que a gente vai evoluindo nas cadeias produtivas e na urbanização das cidades, as pessoas naturalmente consomem mais água”, explicou.

A presidente da ANA enfatizou a necessidade de um uso mais racional e consciente da água, tanto em âmbito doméstico quanto nas atividades econômicas. Ela destacou avanços na indústria, com a implementação de ciclos fechados de água, e na agricultura, com técnicas mais eficientes de irrigação.

Desafios persistentes

Apesar dos avanços, Sánchez apontou desafios significativos, como o acesso desigual à água tratada e a falta de saneamento básico adequado em diversas regiões do país. “A gente ainda tem um desafio gigante em tratar os esgotos no Brasil”, afirmou.

A preservação dos mananciais e a revitalização das bacias hidrográficas também foram mencionadas como prioridades para garantir a disponibilidade e qualidade da água.

Preocupação com redução orçamentária

Sánchez expressou preocupação com a redução do orçamento da ANA, que caiu 39% desde 2019 e sofreu um corte adicional de 20% para 2025. Essa diminuição de recursos pode comprometer o monitoramento hidrológico realizado pela agência em 23 mil pontos em todo o país.

“Quando a gente perde a capacidade de manter esses equipamentos, as nossas equipes em campo verificando se os equipamentos estão funcionando, se o dado hidrológico, ou seja, o nível do rio, a quantidade de água que está passando naquele rio naquele momento, perdemos a capacidade, não só de tomar decisão agora, como de prever e projetar fenômenos”, alertou.

A presidente da ANA ressaltou que a redução na qualidade do monitoramento hidrológico pode afetar a capacidade de tomar decisões qualificadas diante da intensificação dos eventos climáticos extremos que têm afetado o Brasil nos últimos anos.

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