Claudia Abreu estreia como produtora no Festival de Curitiba; confira entrevista


Última participação da artista na programação tinha sido em 2019, onde ficou focada na atuação. Nesta edição, atriz participa da montagem com espetáculo idealizado, produzido e interpretado por ela. Claudia Abreu guarda na bagagem interpretaçõs marcantes, como quando participou de Hamlet na peça dirigida por Antônio Abujamra
Arquivo pessoal
O espetáculo “Os Mambembes” marca a estreia da renomada atriz Claudia Abreu no Festival de Curitiba como produtora. Na última participação no festival, em 2019, ela estava focada na atuação.
O espetáculo, produzido por Claudia em parceria com o diretor Emílio de Mello, vai abrir a 33ª edição do Festival de Curitiba nesta segunda-feira (24) em uma sessão aberta apenas para convidados.
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A peça, onde Claudia Abreu também atua, é apresentada em um ônibus que circula, literalmente, pelo interior do país com uma trupe de artistas. Dividem o palco com ela um time de peso: Deborah Evelyn, Julia Lemmertz, Paulo Betti, Leandro Santanna, Orã Figueiredo, e o músico Caio Padilha.
A estreia foi em novembro de 2024 e, em 10 apresentações gratuitas, alcançou um público de 18 mil pessoas. “Os Mambembes” é uma adaptação da comédia de Artur Azevedo, escrita em 1904, que presta homenagem ao teatro e aos artistas.
Claudia também está há dois anos e meio em cartaz com “Virgínia”, montagem sobre a escritora inglesa Virgínia Woolf, primeiro monólogo escrito pela atriz que também assina a produção. A direção é de Amir Haddad.
Para poder estar no Festival de Curitiba, ela deu uma pausa nas gravações da nova novela das 7 da TV Globo, “Dona de Mim”, na qual fará par romântico com Tony Ramos, marcando seu retorno às novelas após nove anos.
A vida da atriz anda puxada, mas entre um intervalo nas gravações e uma folga, conseguiu conversar com o g1 para falar um pouco da sua trajetória como artista. Confira abaixo.
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O que significa ser atriz pra você?
Poder viver outras vidas além da minha, ter momentos de suspensão da minha própria realidade para me aprofundar na subjetividade de outra pessoa. E assim poder me conhecer melhor sendo outra. Sem falar que a troca com o público é sempre algo muito interessante. Mas, somado a tudo isso, é também um trabalho divertido onde encontro pessoas extraordinárias.
Quando se deu conta de que era uma atriz?
Isso foi acontecendo aos poucos na escola de teatro, ir para a aula do tablado era algo esperado a semana inteira, queria estar ali mais do que em qualquer outro lugar do mundo. A minha vocação e a sensação de que esse seria o meu ofício, foi acontecendo de forma natural.
Claudia Abreu aos 16 anos, começando na TV
Arquivo pessoal
Lembra quando foi a primeira vez que você viu uma peça? Qual foi a sensação?
Minha mãe sempre me levava ao teatro desde pequena. E assistir às peças da Maria Clara Machado no tablado fez toda a diferença para mim.
Alguém na família já tinha essa conexão?
Meu tio Ovídio era ator e me levou para a escola do tablado, mas eu não tinha ainda a intenção de ser atriz.
Que atriz foi tua inspiração?
Drica Morais, somos contemporâneas do tablado.
E quem te inspira hoje?
Renata Sorrah.
Em algum momento teve dúvidas? Pensou em fazer outra coisa?
Não! Mas, passei a escrever projetos para mim, como a série Valentins, do Gloob e o monólogo Virgínia, sobre Virgínia Woolf.
Quais são os teus desafios como atriz?
Manter a curiosidade, o frescor e o desejo de sempre buscar algo novo que instigue a mim e, consequentemente, ao público também.
O estudo da Filosofia (Claudia é graduada na área pela PUC-RJ) foi uma busca que veio como complemento desse ofício ou foi algo para ampliar as possibilidades de atuação no mundo?
Na verdade, tudo o que for me enriquecer pessoalmente vai contribuir para o meu trabalho, já que o instrumento sou eu mesma, com minhas vivências, minha sensibilidade.
Por que Virginia Woolf? Onde você e ela se encontram?
Porque ela me ilumina com sua literatura, me toca profundamente. E quando descobri que sua vida era tão surpreendente quanto sua escrita, tive uma intuição forte que era sobre isso que gostaria de escrever e vivenciar no teatro. Afinal, falar sobre certos temas da vida dela, como a condição feminina, saúde mental, abusos sexuais e morais, é falar sobre assuntos absolutamente atuais.
Realizar ‘Os Mambembes’ era um antigo desejo?
Sim! E realizar desta maneira que fizemos nas duas primeiras turnês era o verdadeiro sonho: fazer o mambembe na rua, de graça, viajando pelo interior do Brasil, levando teatro onde nem sempre se tem acesso a ele.
Como tem sido essa experiência de circular com um ônibus por cidades do interior com uma trupe tão especial?
Um sonho realizado. E a certeza de que essa é a forma mais genuína de fazer arte: de forma democrática, na rua, para todos.
O que te move hoje como atriz?
Poder continuar fazendo teatro sem parar, ampliar meu repertório e circular cada vez mais com peças diferentes. No momento, estou fazendo simultaneamente ‘Virgínia’ e ‘Os Mambembes’. Tem sido uma alegria só.
Que projetos estão no teu horizonte?
Montar o documentário que rodei sobre a aventura que foi fazer ‘Os Mambembes’ de maneira mambembe pelo Brasil. Vai ser minha estreia como diretora.
Que dicas você daria para quem quer trilhar esse caminho?
Não desista.
Qual a importância do Festival de Curitiba?
Dar espaço e valor ao teatro, juntar várias peças de lugares e tribos diferentes e dar visibilidade a elas.
Qual é a pertinência do teatro no mundo de hoje?
O teatro sempre existiu e sempre será um lugar importante de reflexão, de espelhamento da sociedade. E de diversão, claro. Ainda mais depois de uma pandemia, nunca foi tão forte o encontro presencial.
🎭 33º Festival de Curitiba
Data: de 24 de março até 6 de abril de 2025
Programação: espetáculos teatrais, estreias nacionais, dança, circo, humor, música, oficinas, shows, performances e gastronomia.
Valores: de R$ 0 até R$ 85 (mais taxas administrativas)
Ingressos: No site e bilheteria física (Shopping Mueller)
Verifique a classificação indicativa e orientações de cada espetáculo.
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