“Vala comum”, diz ONU sobre local com corpos de funcionários humanitários

Os corpos de oito médicos do movimento humanitário Crescente Vermelho e outros socorristas palestinos que foram atacados há mais de uma semana foram recuperados de uma cova na areia no sul da Faixa de Gaza, disseram autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU).

Philippe Lazzarini, chefe da agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), escreveu em publicação no X nesta segunda-feira (31) que os corpos foram “descartados em covas rasas – uma profunda violação da dignidade humana”.

Em uma declaração no final do domingo (30), o Comitê Internacional da Cruz Vermelha disse estar “chocado” com as mortes.

“Seus corpos foram identificados hoje e recuperados para um enterro digno. Esses funcionários e voluntários estavam arriscando suas próprias vidas para dar apoio a outros”, afirmou o comitê.

A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV) declarou que um trabalhador do grupo de nove integrantes do Crescente Vermelho ainda estava desaparecido.

Não foram revelados detalhes sobre o local onde os corpos foram encontrados. O grupo desapareceu em 23 de março, depois que Israel retomou uma ofensiva total contra o Hamas no início deste mês.

O Crescente Vermelho Palestino disse que também recuperou os corpos de seis agentes da Defesa Civil e um funcionário da ONU na mesma área.

Embora o Crescente Vermelho tenha afirmado que as forças israelenses tinham como alvo os trabalhadores, as declarações da Cruz Vermelha não atribuíram culpa pelos ataques.

O Exército de Israel declarou nesta segunda-feira (31) que um inquérito descobriu que, em 23 de março, tropas abriram fogo contra um grupo de veículos que incluía ambulâncias e caminhões de bombeiros quando os veículos se aproximaram de uma posição sem coordenação prévia e sem faróis ou sinais de emergência.

Ainda segundo o Exército, vários militantes pertencentes aos grupos Hamas e Jihad Islâmica foram mortos.

“A IDF condena o uso repetido de infraestrutura civil pelas organizações terroristas na Faixa de Gaza, incluindo o uso de instalações médicas e ambulâncias para fins terroristas”, disse em um comunicado.

Jonathan Whittall, chefe do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU em Gaza, descreveu o local onde os corpos foram encontrados como uma “vala comum”, dizendo que havia sido marcada com a luz de emergência de uma ambulância amassada.

Seus comentários foram acompanhados por fotos de equipes do Crescente Vermelho cavando na areia em busca dos corpos ao lado de um caminhão de bombeiros amassado e um veículo da ONU.

O Exército israelense não comentou diretamente sobre as mortes dos trabalhadores do Crescente Vermelho. Em uma declaração posterior à Reuters, acrescentou que havia facilitado a retirada dos corpos da área, que descreveu como uma zona de combate ativa. Não respondeu especificamente a perguntas sobre por que os corpos foram recuperados sob a areia nem por que os veículos foram encontrados amassados.

Lazzarini disse que as mortes elevaram o número total de trabalhadores humanitários mortos desde o início da guerra Israel-Hamas em Gaza para 408.

O incidente foi o ataque mais mortal contra trabalhadores da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho em qualquer lugar desde 2017, disse a FICV.

“Estou com o coração partido. Esses dedicados trabalhadores de ambulância estavam respondendo a pessoas feridas. Eles eram humanitários”, disse o Secretário-Geral da FICV, Jagan Chapagain.

“Eles usavam emblemas que deveriam protegê-los; suas ambulâncias estavam claramente marcadas”, acrescentou.

De acordo com as Nações Unidas, pelo menos 1.060 profissionais de saúde foram mortos nos 18 meses desde que Israel lançou sua ofensiva em Gaza depois que combatentes do Hamas invadiram o sul de Israel em 7 de outubro de 2023.

Devido a preocupações com a segurança, a ONU está reduzindo sua equipe internacional em Gaza em um terço.

Este conteúdo foi originalmente publicado em “Vala comum”, diz ONU sobre local com corpos de funcionários humanitários no site CNN Brasil.

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