A saga de Zulmiro: o pirata que marcou Curitiba

A saga de Zulmiro: o pirata que marcou Curitiba

A peça “Zulmiro, o Pirata de Curitiba” resgata a lenda de um pirata que teria vivido em Curitiba, misturando ficção e memória local. Logo no início, o espetáculo convida o público à aventura: ‘Essa é uma história que todos vão contar, quem não ouvir agora, vai pra sempre lamentar!’. Em meio a um universo dominado por mitos estrangeiros, a montagem busca destacar uma narrativa que faz parte do imaginário curitibano.

Apresentada pela Trupe Palco da Mãe Joana, formada por estudantes do Centro Estadual de Capacitação em Artes Guido Viaro, a peça marca a segunda apresentação do grupo, que já havia levado seu trabalho ao palco antes do Festival de Curitiba. O enredo mergulha na lenda de um pirata que, ao lado do russo Zarolho e do espanhol José Sancho, navegou em busca de tesouros antes de se estabelecer em Curitiba, mais especificamente no bairro Pilarzinho, onde sua história se misturou à cultura local e se transformou em uma lenda urbana.

O espetáculo contou com a participação de Marcos Juliano Ofenbock, diretor do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, que foi responsável por comprovar a existência de Zulmiro por meio de pesquisas e documentos históricos. Para ele, assistir à história ganhar vida no palco foi uma experiência emocionante: “Ver essa história de forma quente, montada em uma peça de teatro, com esse calor que é, toca a alma. É um sentimento indescritível para um pesquisador ou escritor ver suas palavras ganharem vida”, afirmou.

A peça utiliza elementos históricos, mas adota uma abordagem ficcional e cômica. Segundo Jamyle Setubal Bertoldi, integrante da trupe, o tom humorístico se desenvolveu ao longo dos ensaios. “Apesar do tema envolver morte e lendas, a energia do grupo trouxe leveza à peça, e isso foi incorporado ao espetáculo”, explicou. Durante a apresentação, o público demonstrou engajamento com as cenas de humor.

Para muitos atores, Zulmiro era um nome desconhecido até o início do projeto. Ceci Maier, que faz parte do elenco, relatou o impacto da descoberta. “Eu não conhecia nada sobre Zulmiro antes da peça, e acho que muitas pessoas também não. A importância de contar essa história é grande, porque permite que mais gente conheça”, destacou.

O professor Marcelo Cabarrão, coordenador do grupo teatral, ressaltou a importância de resgatar a história de Zulmiro. Para ele, a peça dá um novo significado a uma lenda que antes era apenas transmitida oralmente. “É uma história que pode ter influenciado outras histórias fictícias. Antes, era apenas oralidade. Agora, há um registro e uma busca que confirmam que esse pirata realmente existiu. Ele navegou pelos mares, passou pelo Brasil e, pelo destino, encontrou sua última morada em Curitiba. Isso traz um gostinho de realidade à lenda”, afirmou.

Embora registros históricos indiquem que Zulmiro, também conhecido como Francis Hodder ou João Francisco, era um homem branco, a peça optou por representá-lo como um homem negro. Questionado sobre essa escolha, Cabarrão afirmou que não há uma razão específica: “Ele poderia ser qualquer pessoa. O pirata é uma representação da diversidade curitibana”, explicou.

Colaboração: aluno da Universidade Positivo Antonny Maximiliano, com supervisão dos professores

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