“A Velocidade da Luz”: como avós contam histórias para netos

“A Velocidade da Luz”: como avós contam histórias para netos

Mesmo com o clima de chuva, os espectadores lotaram os degraus da escadaria da Universidade, localizada na Praça Santos Andrade, para prestigiar o espetáculo “A Velocidade da Luz”.

A peça tem início em frente ao Teatro Guaíra, onde o público é dividido em grupos e direcionado a diferentes locais para a realização da primeira parte da apresentação. A segunda parte reúne todos na praça, proporcionando um momento coletivo. O elenco é composto por 28 idosos que contam suas histórias, fazendo-os lembrar de pessoas amadas que não estão mais aqui e de suas vidas quando eram jovens.

Numa mistura de dança, atuação e música, a peça traz a cultura brasileira em cena. O fandango, dança ritmada feita por casais, típica do sul do Brasil, é muito presente no espetáculo, juntamente ao carnaval, com as roupas chamativas e as escolas de samba. O posto de rainha do carnaval é lembrado e desejado e as músicas do fandango são cantadas.

A representação é baseada nas memórias destas pessoas que escolheram fazer parte da encenação. Mesmo sem saber atuar, elas aprendem no decorrer dos ensaios e no processo de criação da peça. Como o “prefeito aposentado”, que é um dos personagens importantes da exibição, interpretado pelo musicista, Dito Salgado, de 65 anos. Dito conta que sempre teve o desejo de atuar, apesar de já ser artista, ele teve dificuldade em fazer várias atividades ao mesmo tempo. Apesar de ter sido complicado atuar, cantar e dançar, ele ressalta que o maior aprendizado foi sobre as pessoas, suas diferenças e a importância da empatia.

Além disso, Dito deu um conselho aos jovens, para que quando forem idosos sempre busquem conhecer algo novo, sem medo de julgamentos. E enquanto a idade mais avançada não chega, que os jovens aproveitem tudo que a vida os ensinar. “A vida é sempre uma tentativa de aprendizado” disse o artista.

O espetáculo é também um manifesto contra o governo que não subsidia os atores idosos. O diretor argentino Marco Canele destaca que, embora aborde temas do passado, o projeto se mostra muito atual. Canele relatou que não houve qualquer processo de seleção de atores ou histórias. Desde o início, quando realizou a produção em uma favela da Argentina, durante um momento em uma capela, os padres locais estabeleceram uma única regra: não poderia haver seleção.

Além disso, o diretor declarou que o próximo destino de “A Velocidade da Luz” será em Pamplona, na região de Navarra, na Espanha. O espetáculo já passou por países como Alemanha, Japão, Suíça, Espanha, Chile e também pela cidade de Santos, em São Paulo.

Serviço:

  • Local: Praça Santos Andrade, Centro
  • Data: 05/04 e 06/04
  • Horário: 16h
  • Valor: Gratuito
  • Gênero: Contemporâneo
  • Classificação: Livre
  • Origem: Buenos Aires, Argentina

Colaboração: aluna Universidade Positivo Flávia Rodrigues, com supervisão dos professores

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