O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse nesta quarta-feira (9) que a decisão do governo federal sobre como reagir às tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é: “Tudo que fizer conosco, haverá reciprocidade”.
“Ou nós vamos para a Organização Mundial do Comércio brigar, onde é o direito da gente brigar, ou a gente vai dar a reciprocidade, é o mínimo que se espera de um país que tenha dignidade e soberania”, afirmou Lula após participação na cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
O mandatário, porém, frisou que ainda não há medida concreta para retaliar, e enfatizou que “nós vamos utilizar todas as palavras de negociação que o dicionário permitir”.
“O Brasil é um país que não tem contencioso, não queremos contencioso, não queremos brigar. […] Tudo no Brasil é feito na base da conversa, na base de uma medida de negociação”, ressaltou.
Ao ser questionado se o Brasil estaria discutindo com a presidente do México, Cláudia Sheinbaum, uma aproximação entre os países em meio à tensão comercial, Lula disse que o estreitamento do laço já era tratado com a gestão mexicana anterior, tendo em vista o fortalecimento da América Latina.
Lula também reforçou que “ninguém quer que um ou outro abra mão da sua relação com os Estados Unidos”.
No dia 2 de abril — data a qual Trump vinha se referindo como “Dia da Libertação” –, os EUA anunciaram uma série de “tarifas recíprocas” a seus parceiros comerciais, sendo o Brasil atingido pela taxa mínima de 10%.
Nesta quarta-feira (9), o republicano decidiu adiar a aplicação de tarifas maiores que o piso, de modo que todos seriam seus produtos taxados igualmente em 10%.
A China foi a única nação que não foi poupada. O contrário, Trump anunciou que vai sobretaxar as importações do país asiático em 125%.
Lula afirmou que a preocupação do momento é em relação às “decisões unilaterais do presidente dos Estados Unidos”, e apontou que estaria cada vez mais evidente de que o imbróglio comercial se trata de “uma briga pessoal com a China”.
“Cada dia ele anuncia uma medida, cada dia ele fala uma coisa. Ou seja, nós não sabemos qual será o efeito devastador disso na economia. Inclusive na própria economia americana, ninguém pode dizer que vai ser bom ou que vai ser ruim. Porque é preciso saber quanto vai custar isso do ponto de vista do preço dos produtos, do ponto de vista da relação multilateral”, pontuou o presidente da República.
Lula voltou a defender a aproximação entre as nações, avaliando o multilateralismo como “muito importante para a tranquilidade econômica que o mundo precisa”.
“E é muito importante que as pessoas entendam que não é aceitável a hegemonia de um país. […] É importante que todo mundo tenha sua soberania respeitada, tenha suas decisões levadas em conta. E que a melhor forma de você fazer um bom acordo é sentar numa mesa de negociação, sem hegemonismo. Sem prepotência, sem arrogância”, concluiu.
Abertura comercial reduz impacto de tarifas de Trump no Brasil? Entenda
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