Palestinos na Cidade de Gaza usavam as mãos desprotegidas e ferramentas básicas para procurar entes queridos presos sob os escombros de prédios destruídos após os ataques israelenses.
Aboud Shamali, um palestino de 29 anos que procurava os parentes, falou que começou os trabalhos com um martelo até que os membros da defesa civil chegaram com “uma marreta e uma esmerilhadeira”.
“Não há equipamento. Se houvesse, talvez tivéssemos resgatado 80% dos que estavam vivos sob os escombros”, acrescentou Shamali.
Outro homem, Mohammed Abu Amsha, que disse ter perdido 27 familiares sob os escombros, ecoou as dificuldades de Shamali com a falta de recursos.
“Queremos encontrar essas crianças, todos os meus irmãos se foram. Olhem para essas ruínas, fomos destruídos”, falou ele enquanto procurava o filho desaparecido sob os escombros.
Nas proximidades da Cidade de Gaza, ambulâncias e caminhões de bombeiros danificados estavam estacionados, impossibilitados de operar.
Mahmoud Basal, porta-voz da defesa civil em Gaza, afirmou que os esforços para retirar as pessoas dos escombros fracassaram devido à falta de “ferramentas, veículos e equipamentos necessários”.
“Reconhecemos a necessidade urgente de trabalhar no resgate de cidadãos aqui na Faixa de Gaza e de apoiar a defesa civil com as ferramentas, veículos e equipamentos necessários para poderem realizar a sua missão humanitária”, acrescentou Basal.
Nenhum novo fornecimento humanitário entrou no território palestino desde que Israel bloqueou a entrada de caminhões de ajuda em 2 de março, uma vez que as negociações sobre a próxima fase de uma trégua, agora rompida, foram paralisadas.
Israel retomou o ataque militar em 18 de março.
O Ministério das Relações Exteriores do país afirmou que 25 mil caminhões de assistência humanitária entraram em Gaza nos 42 dias de cessar-fogo e que o Hamas utilizou a ajuda para reconstruir a sua máquina de guerra, uma alegação que o grupo negou.
“As Forças de Defesa de Israel (IDF) estão agindo conforme as diretrizes da cúpula política. Israel não está transferindo e não transferirá ajuda para organizações terroristas”, afirmou o exército israelense.
A guerra em Gaza foi desencadeada pelo ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, no qual 1.200 pessoas foram mortas e 251 feitas reféns, segundo dados israelenses.
Desde então, mais de 50.900 palestinos foram mortos na ofensiva israelense, segundo autoridades de saúde locais.
Grande parte de Gaza está em ruínas e a maior parte da população foi deslocada.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Moradores de Gaza usam próprias mãos para retirar familiares sob escombros no site CNN Brasil.