Bolsa na Argentina dispara 4,7% após fim do controle de câmbio; dólar sobe

As ações na Argentina saltaram nesta segunda-feira (14), primeiro dia de flexibilização do controle cambial anunciado pela Casa Rosada na última sexta-feira (11), além do fechamento de programa de empréstimo de US$ 20 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O índice S&P Merval, referência da bolsa argentina, encerrou a sessão com avanço de 4,7%, aos 2.354.419 pontos.

O mesmo desempenho foi visto nas ADRs — recibos de ações negociadas em Wall Street — também tiveram um dia de euforia, com destaque aos papéis ligados ao setor financeiro.

Os recibos do BBVA Argentina ganharam mais de 14%, desempenho semelhante aos papéis do grupo financeiro Galícia. Já as ADRs do banco Macro subiram mais de 15%.

Ao mesmo tempo, as novas regras para o controle de câmbio no país deu força ao dólar, que encerrou a sessão com baixa ao redor de 11%, com um dólar negociado a cerca de 1.194 pesos.

O desempenho do mercado argentino reflete o otimismo dos investidores com novas regras do controle de câmbio, chamado no país de “cepo cambial”.

Desde que chegou ao poder, o presidente Javier Milei tem colocado em prática uma política de austeridade fiscal para controlar as contas públicas e a inflação do país.

A medida de restrição foi adotada para conter a desvalorização do peso em meio ao cenário de hiperinflação do país.

A medida permitiu que o dólar oficial subisse de maneira estável e abaixo dos níveis de inflação da Argentina.

Segundo Caputo, o fim da restrição à compra de dólares, em vigor há anos no país, permitirá a entrada de investimentos, o que irá consolidar o crescimento e o superávit fiscal.

Com o fim das restrições, pessoas físicas poderão acessar livremente o mercado de câmbio argentino, sem o limite de US$ 200 e outras restrições administrativas. Foi anunciado, porém, que um imposto de 30% sobre compras com cartão e pagamentos relacionados ao turismo continua em vigor.

“Não tem mais controle, tudo o que for operações de pessoas físicas em todas as suas operações cambiais não tem mais restrições”, disse o presidente do banco central argentino, Santiago Bausili, ao lado do ministro da Economia no anúncio.

Também foram removidas todas as restrições de acesso à moeda estrangeira para pagamentos de lucros e dividendos relatados nas demonstrações financeiras.

Para dividendos herdados e pagamentos de dívidas intercompanhias (antes de 1º de janeiro de 2025), um título denominado em dólares emitido pelo banco central da Argentina poderá ser subscrito em pesos.

“Todas as repatriações de utilidades geradas nos exercícios fiscais que começam neste ano vão poder ser distribuídas daqui para diante”, expressou Bausili, afirmando que o governo também trabalha para que utilidades retidas por empresas ou dívidas de financeiras acumuladas nos anos de controle possam ser quitadas.

Por fim, o presidente do Banco Central disse que o governo Milei vai relaxar os prazos de acesso a câmbio para importações.

“Até agora um importador, quando importava um bem, só podia pagá-lo após 30 dias do bem chegar na Argentina. A partir de agora podem fazer no momento em que o bem chega na Argentina”, afirmou.

O governo argentino também vai acabar com o “dólar blend”, um dos mecanismos de cotação diferenciada voltado para exportadores venderem produtos a preços mais competitivos. Para o comércio exterior, também foi anunciado o fim do prazo de 30 dias para pagamento de importações de bens e serviços finais e o relaxamento das restrições à importação de bens de capital.

Milei já havia sinalizado em fevereiro que o fim do controle do câmbio estava próximo.

O anúncio foi feito junto com a confirmação de que o board do Fundo Monetário Internacional (FMI) está reunido para aprovar o empréstimo de US$ 20 bilhões para a Argentina.

Recapitalização da Argentina

De acordo com o governo, o empréstimo do FMI será realizado em 48 meses, com uma parcela imediata de US$ 12 bilhões, uma de US$ 2 bilhões em 60 dias e US$ 1 bilhão no resto do ano.

A devolução está prevista para ser realizada em 10 anos, com 4 anos e meio de carência.

Além disso, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciaram programas de apoio às reformas argentinas, de US$ 12 bilhões e US$ 10 bilhões, respectivamente.

Com os programas de empréstimo, a liquidez proveniente desses organismos em 2025 será de US$ 6,1 bilhões.

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Este conteúdo foi originalmente publicado em Bolsa na Argentina dispara 4,7% após fim do controle de câmbio; dólar sobe no site CNN Brasil.

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