O presidente do diretório municipal do PSDB de São Paulo, José Aníbal, pediu, nesta terça-feira (15), que os cinco deputados do partido retirem a assinatura do requerimento de urgência sobre o projeto de lei que anistia os condenados pelos atos de 8 de janeiro.
“Compartilhar com os amigos a expectativa de que os cinco deputados federais do PSDB, e outros parlamentares de partidos comprometidos com a democracia, que assinaram o projeto de anistia aos golpistas que atentaram contra a Constituição e as instituições democráticas, que retirem suas assinaturas”, disse Anibal.
“Os fundadores do PSDB foram perseguidos e cassados pela ditadura. Para nós democracia é um valor absoluto. No dizer de Ulisses Guimarães, traidor da Constituição é traidor da pátria! Não a anistia aos golpistas!”, prosseguiu o tucano no X (antigo Twitter).
que retirem suas assinaturas. Os fundadores do PSDB foram perseguidos e cassados pela ditadura. Para nós democracia é um valor absoluto. No dizer de Ulisses Guimarães, traidor da Constituição é traidor da pátria! Não a anistia aos golpistas!
— José Aníbal (@jose_anibal) April 15, 2025
O texto recebeu o apoio de 264 deputados, mas dois signatários foram considerados inválidos pela Câmara. Eram necessárias 257 assinaturas para que o requerimento fosse protocolado.
Dentre os 13 deputados do PSDB, cinco assinaram o requerimento. Foram eles:
- Beto Pereira (PSDB-MS)
- Beto Richa (PSDB-PR)
- Daniel Trzeciak (PSDB-RS)
- Geovania de Sá (PSDB-SC)
- Lucas Redecker (PSDB-RS)
À CNN, Aníbal afirmou que teve o retorno de um dos deputados assinantes do requerimento que lhe afirmou que vai retirar a assinatura. O nome do parlamentar não foi divulgado, mas segundo o dirigente municipal de São Paulo, em breve será público.
“Ele estava entendo que iriam atenuar as penas somente”, disse o ex-senador,
De acordo com a Câmara dos Deputados, não é possível incluir ou retirar assinaturas de um requerimento após sua apresentação à Mesa. Para Aníbal, há “estratégias” no Parlamento e ressaltou ainda que “a reação é fundamental pra parar essa gente”.
O deputado Daniel Trzeciak rebateu José Aníbal dizendo que seguirá “convicto” com o seu posicionamento.
“Com todo respeito que mereça o ex-Senador, sigo convicto no meu posicionamento. O PSDB sempre teve na sua essência a luta contra os abusos do autoritarismo. E hoje há que se voltar contra quem pretenda usar o Estado como instrumento de vingança política. É se voltar contra o revanchismo como método de governo”, disse o deputado à CNN.
Os outros quatro deputados do PSDB também foram procurados pela CNN, mas, até a publicação desta matéria, não se manifestaram. A reportagem também fez contato com o diretório nacional do partido e aguarda um posicionamento.
Projeto da anistia
O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), protocolou o requerimento na última segunda-feira (14).
O texto envolve ao menos oito projetos de lei propostos por diversos deputados que tramitam em conjunto na Câmara dos Deputados, todos anexados ao PL 2858/2022.
De autoria do ex-deputado Major Vitor Hugo (PL-GO), o texto perdoa aqueles que praticaram os crimes políticos ou eleitorais, sendo manifestantes, caminhoneiros, empresários, além de todos os que tenham participado de manifestações nas rodovias nacionais, em frente a unidades militares ou em qualquer lugar do território nacional do dia 30 de outubro de 2022 ao dia de entrada em vigor da futura lei.
Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados, tem resistido a pautar pedidos de urgência no plenário e, desde que assumiu a Casa, tem sido cobrado em relação à anistia.
Durante um evento da Associação Comercial de São Paulo, no dia 7 de abril, Hugo disse que não é censor de pautas, mas que não garante prioridade à anistia.
“Esta não é pauta única do Brasil. Nós não podemos ficar uma casa de uma pauta só, uma música de uma nota só, não é isso. O Brasil é muito maior do que isso, nós temos inúmeros desafios”, afirmou.
Ele também declarou que o perdão aos condenados pelos atos de 8 de janeiro pode aumentar ainda mais a tensão entre os poderes: “É por isso que conduzirei este tema com a serenidade que ele requer, ouvindo os líderes, respeitando a maioria da casa. Então, não contem com este presidente para agravar uma situação no país que já não é tão boa.”
Este conteúdo foi originalmente publicado em Dirigente do PSDB pede que 5 tucanos retirem apoio ao PL da anistia no site CNN Brasil.