Risco fiscal exige esforço entre Poderes para manter máquina pública ativa

O risco de um eventual colapso do orçamento público exige um esforço entre os Poderes Executivo e Legislativo para manter a máquina pública ativa. Há um entendimento de que qualquer mudança efetiva exigirá a coordenação de esforços entre o governo federal e o Congresso Nacional.

A projeção do próprio governo é que o orçamento da União seja tão espremido ao longo dos próximos anos que as despesas livres vão cair a praticamente zero em 2029.

Agora, a elite política está diante de dois caminhos distintos para enfrentar os limites do arcabouço fiscal. Ou adequa a trajetória ascendente dos gastos públicos às regras atuais, ou abandona as limitações e flexibiliza a política fiscal para acomodar o aumento dos gastos e da dívida da União.

O desafio do controle de gastos está em implementar ações que surtam efeito a médio e longo prazo. Grande parte dessas mudanças passa por decisões políticas de o Executivo e o Legislativo enfrentarem esses temas.

No governo Lula, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, tem sido a responsável por articular soluções ao problema. Ainda assim, até aqui, o Planalto tem apostado mais em medidas para aumentar a arrecadação do que para cortar despesas. É também um modelo já considerado desgastado entre os parlamentares.

Diferentes grupos do Congresso já apresentaram medidas para tentar frear o crescimento dos gastos obrigatórios da União. Os que ganharam mais tração até aqui, entretanto, não abordam alguns dos principais motores do desequilíbrio: a indexação do salário-mínimo aos benefícios sociais e a correção automática dos gastos obrigatórios com saúde e educação.

A cúpula da Comissão Mista de Orçamento do Congresso defende um conjunto de medidas pontuais, que incluiria a eliminação de desperdícios e a revisão de benefícios sociais e previdenciários.

Outro ponto levantado por parlamentares é a necessidade da aprovação de projetos para combater a sonegação de impostos e os devedores contumazes. A tramitação desses textos, no entanto, leva tempo.

Em outra frente, o projeto que limita supersalários no funcionalismo público sofre pressões para abraçar penduricalhos que, na avaliação de algumas entidades, podem ampliar benefícios existentes.

Já a reforma da previdência dos militares, que poderia representar uma economia de R$ 2 bilhões para 2026, na prática, travou no Congresso.

Há ainda a falta de perspectiva de uma redução significativa de subsídios e subvenções.

Governistas, por sua vez, afirmam ser difícil cortar despesas da previdência, assistência social, saúde e educação. E cobram da oposição que apresente sugestões de tesouradas sem que os cortes prejudiquem a população.

Entre os parlamentares, porém, a tendência é de se descartar o congelamento da correção do salário-mínimo só pela inflação. Tanto governistas quanto líderes do Centrão resistem à ideia, afirmando que a medida penalizaria os mais pobres, com efeitos colaterais ainda mais duros.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Risco fiscal exige esforço entre Poderes para manter máquina pública ativa no site CNN Brasil.

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