
Três empresas chamaram a atenção da CBF para as apostas. Outra empresa apontou que 95% do volume de apostas estaria direcionado para o recebimento de cartão do atacante do Flamengo. Média do atleta é de 15% nos últimos 2 anos. Atacante Bruno Henrique é indiciado pela Polícia Federal
Um movimento de apostas fora do normal e direcionadas a cartões para o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, chamou a atenção do mercado de apostas em 1º de novembro de 2023. Na noite daquele dia, o clube do Rio enfrentaria o Santos pelo Campeonato Brasileiro de Futebol.
Três empresas de apostas, as chamadas bets, alertaram a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) sobre o jogo. Chamou a atenção das empresas o fato de que, em uma delas, 98% do volume de apostas para o mercado de cartões estaria direcionado ao recebimento de cartão por Bruno Henrique.
A suspeita de irregularidades em apostas no jogo resultou no indiciamento do atacante do Flamengo e outras 9 pessoas nesta terça (15).
Em outra empresa, o percentual era de 95% de concentração das apostas no mesmo quesito: o cartão amarelo por BH. A terceira empresa não especificou o percentual de apostas recebidas sobre o atleta. Só identificou como um “direcionamento significativo das apostas”.
A Polícia Federal considera que, de acordo com o histórico dos campeonatos brasileiros de 2023 e de 2024, o número de apostas referentes à probabilidade de recebimento de cartões por Bruno Henrique era de 15%.
Bruno Henrique não quis comentar o caso. Nem agora e nem quando foi alvo de busca e apreensão relativas ao caso em 2024.
O Flamengo divulgou uma nota sobre o tema:
“O Flamengo não foi comunicado oficialmente por qualquer autoridade pública acerca dos fatos que vêm sendo noticiados pela imprensa sobre o atleta Bruno Henrique. O Clube tem compromisso com o cumprimento das regras de fair play desportivo, mas defende, por igual, a aplicação do princípio constitucional da presunção de inocência e o devido processo legal, com ênfase no contraditório e na ampla defesa, valores que sustentam o estado democrático de direito”.
O documento das empresas que alerta sobre o número de apostas é de 1º de agosto de 2024. Oito dias depois, a Polícia Federal começa a investigar o caso.
Além do número considerado excessivo em apostas de que Bruno Henrique receberia um cartão amarelo no jogo contra o Santos outros pontos chamaram a atenção dos investigadores:
As apostas foram feitas em contas abertas na véspera ou no dia do jogo contra o Santos;
Os clientes que já tinham contas nas bets fizeram apostas diferente do que costumavam fazer. Por exemplo, com valores acima ou em parâmetros distintos;
A concentração de apostadores no cartão de Bruno Henrique eram de Belo Horizonte, cidade natal do atacante do Flamengo
Veja o lance em que Bruno Henrique é acusado de forçar cartão amarelo
Grupos de apostadores
Com as investigações, a PF descobriu que os apostadores (nove no total) integravam dois grupos: os de familiares de Bruno Henrique e os de pessoas estranhas ao jogador.
Na família, três pessoas apostaram no cartão do jogador: seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, a sua cunhada e uma prima.
No outro grupo, são seis apostadores que não conhecem o atacante do Flamengo. A ligação entre os grupos é Wander, irmão do jogador. Ele conhece Claudinei Vítor Mosquete Bassan, que tem relação com os outros cinco apostadores.
Eles chegam a trocar mensagens reclamando na demora em Bruno Henrique receber o cartão amarelo. O juiz Rafael Klein, que apitou aquele jogo, só aplicou o cartão a Bruno Henrique nos acréscimos do segundo tempo, após os 90 minutos de jogo.
Com o indiciamento, o relatório da Polícia Federal será encaminhado ao Ministério Público para que se apresente ou não denúncia contra o jogador e os outros nove envolvidos no caso.
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Divulgação/CRF/Gilvan de Souza