Espionagem ilegal: entenda por que o diretor-geral da Abin vai depor à PF

Nesta quinta-feira (17), às 15h, o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, presta depoimento à Polícia Federal (PF) para o inquérito que apura um esquema de espionagem ilegal, conhecido como Abin Paralela. 

O ex-diretor-adjunto da Agência, Alessandro Moretti, também foi intimado. Ambos foram notificados na última terça-feira (15), como mostrou a CNN.

As oitivas ocorrem após dois agentes da Abin afirmarem à PF que o Brasil fez um ataque hacker ao Paraguai para obter informações durante as negociações sobre as tarifas da Usina Hidrelétrica de Itaipu. 

A informação consta em depoimentos de agentes da Abin à PF e foi revelada pelo portal UOL. Segundo a reportagem, uma operação voltada à invasão de computadores do Paraguai foi criada ainda no fim do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mantida no início da atual gestão.

O vazamento da informação fez com que a PF abrisse uma apuração sobre o caso.

De acordo com fontes da Agência ouvidas pela CNN, a suposta operação contra o governo do Paraguai foi uma ação de contraespionagem ao país vizinho. 

Em 2022, durante o governo de Bolsonaro, as negociações entre os dois países para a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu – que estabelece a divisão da energia gerada pela usina hidrelétrica – começaram.

O Anexo C deveria ter sido revisto em 2023, após 50 anos de vigência do Tratado de Itaipu, mas o acordo não foi firmado até hoje.

Diante disso, fontes da Abin alegam que a espionagem conduzida pelo Brasil foi uma resposta ao Paraguai — uma ação conhecida como Contrainteligência.

Segundo interlocutores, a Abin teria buscado informações sigilosas, algo que, para esses servidores, é uma prática comum entre agências de inteligência em todo o mundo.

Procurado, o Ministério das Relações Exteriores negou que a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenha feito qualquer ação hacker contra o governo do Paraguai ou que exista qualquer medida de inteligência do tipo em curso.

O Itamaraty, no entanto, informou que tal ação ocorreu no fim do governo de Bolsonaro, autorizada em junho de 2022, mas tornada sem efeito pelo então diretor interino da Abin em 27 de março de 2023, no início do terceiro mandato de Lula.

Corrêa e Moretti também terão que esclarecer a suspeita de que durante o governo Lula, a atual gestão da agência tentou atrapalhar as investigações da Abin Paralela desde 2023. A suspeita de obstrução nas investigações levou Moretti a ser demitido.

A PF também deve questionar os investigados sobre uma suposta pressão que exerceram na corregedoria da Abin para evitar apurações sobre a espionagem ilegal.

Os depoimentos devem ser os últimos da investigação que já tem um esboço de relatório. A intenção dos investigadores é finalizar o inquérito até o fim deste mês.

*Sob supervisão de Mayara da Paz

Este conteúdo foi originalmente publicado em Espionagem ilegal: entenda por que o diretor-geral da Abin vai depor à PF no site CNN Brasil.

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