A elevação no preço do grão de café estimula o surgimento de produtos que apenas remetem ao sabor do café, conhecidos popularmente como ‘cafake’. De acordo com as normas do Ministério da Agricultura, só pode ser considerado café o produto em grão ou moído com, no mínimo, 99% de café em sua composição.
Entenda o que caracteriza o ‘cafake’ e quais são os principais critérios utilizados para identificar um café autêntico.
O chamado ‘cafake’ não segue padrões. Sua composição pode incluir polpa, outros tipos de grãos, resíduos vegetais como galhos, além de aromatizantes e corantes que imitam o sabor e a aparência do café verdadeiro.
É essencial que os consumidores estejam atentos às informações contidas nos rótulos. O café autêntico é identificado pela descrição “café torrado e moído”, enquanto os produtos alternativos geralmente apresentam termos como “pó para preparo de bebida sabor café”.
Saiba o que é ‘Cafake’
A legislação brasileira permite que o café contenha até 1% de impurezas naturais da lavoura, como galhos, folhas e cascas, e também matérias estranhas, como pedras, areia e sementes de outras espécies vegetais (incluindo ervas daninhas).
Por outro lado, a inclusão de elementos estranhos é totalmente proibida. Entre eles, estão grãos ou sementes de outros gêneros (como milho, trigo ou cevada), além de corantes, açúcar, caramelo e borra de café solúvel ou de infusão.
Existem ainda ‘cafake’ que não contêm café em sua composição. Em geral, são feitos à base de cevada, milho ou outros ingredientes semelhantes. Muitos desses itens incluem aromatizantes, o que os caracteriza como ultraprocessados, bastante diferentes do pó de café tradicional consumido no Brasil.
A inflação do café e a origem do ‘Cafake’
O preço do café moído segue em trajetória de alta. Nos 12 meses encerrados em março, houve um aumento de 77,78%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na mesma linha, dados da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) mostram que o preço médio do café torrado e moído no varejo passou de R$ 32,90, em março de 2024, para R$ 64,80, o que representa uma elevação anual de 96,9%.
As temperaturas elevadas têm impactado negativamente a produção do café, uma cultura que depende de climas com temperatura média estável. Além do Brasil, outros grandes produtores, como o Vietnã, também enfrentam queda na oferta.
A menor produção, somada ao aumento da demanda global e à valorização do dólar, direcionou um volume maior da safra ao mercado internacional, reduzindo a disponibilidade no mercado interno.
Mesmo diante desse cenário de inflação, o consumo de café torrado e moído no Brasil cresceu 1,1% entre 2023 e 2024. Foram 21,9 milhões de sacas de 60 quilos consumidas em 2024, o que corresponde a 40,4% da safra do ano anterior, segundo dados da Abic.
O Brasil ocupa a segunda posição entre os maiores consumidores de café do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos em volume absoluto. Segundo a Abic, os norte-americanos consumiram 4,1 milhões de sacas a mais do que os brasileiros.
Preço do café salta 77% em um ano na inflação de março, mostra IBGE
Este conteúdo foi originalmente publicado em Cafake: entenda o que são os produtos que imitam o café e como identificar no site CNN Brasil.