Cirurgia para implantar eletrodos faz com que jovem com ‘pior do mundo’ fique 5 dias sem falar; entenda


Carolina Arruda tem neuralgia do trigêmeo e implantou eletrodos na base do crânio que devem bloquear a passagem da dor até o cérebro. Esta é a primeira intervenção do novo tratamento em Alfenas. Carolina Arruda, que tem neuralgia do trigêmeo, deve ficar pelo menos cinco dias sem falar. O cuidado faz parte do pós-operatório prescrito pelo médico Carlos Marcelo de Barros, diretor clínico da Santa Casa de Alfenas, após ela passar pela cirurgia para implantar eletrodos que vão “estimular” o nervo e impedir a transmissão nervosa da “pior dor do mundo” ao cérebro.
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A restrição acontece por se tratar de uma cirurgia de médio porte, no sistema nervoso central e com uso de dispositivos implantáveis.
“Ela não pode falar muito porque um dos eletrodos foi colocado pela face no gânglio de Gasser, além de reduzir o risco de migração. Temos que cuidar bem da ferida operatória com curativos e manter a antibioticoterapia, tudo no sentido de reduzir o risco de infecções”, explicou.
Carolina Arruda, jovem com a pior dor do mundo, após cirurgia em Alfenas, MG
Arquivo pessoal
O procedimento foi realizado neste sábado e foi considerado perfeito pelo médico responsável. A cirurgia começou às 11h deste sábado (27) e durou cerca de seis horas. Quatro médicos e um cirurgião bucomaxilo, de Alfenas (MG) e Brasília (DF), participaram do implante.
O g1 conversou com a paciente horas após o procedimento. Por mensagens, ela contou que está com dores do pós-cirúrgico e com saudades de casa.
“Tô bem esperançosa para que dê certo. Agora preciso me concentrar na recuperação, mas estou com grandes expectativas”.
De acordo com o médico Carlos Marcelo de Barros, diretor clínico da Santa Casa de Alfenas, na manhã deste domingo (28), o neuroestimulador foi regulado e agora é preciso esperar algumas semanas para ter a real percepção do resultado da cirurgia.
“Esta era a primeira etapa do tratamento e fui executada sem nenhuma intercorrência”.
A previsão é que ela tenha alta entre quinta e sexta-feira desta semana.
Eletrodos implantados
Carolina Arruda tem neuralgia do trigêmeo e vai implantar eletrodos que podem bloquear transmissão da ‘pior dor do mundo’ ao cérebro
Arquivo pessoal/Carolina Arruda
A neuralgia do trigêmeo normalmente atinge um lado do rosto, mas em situações mais raras – como a de Carolina – pode atingir os dois, se tornando uma dor bilateral.
Considerando o diagnóstico, os eletrodos foram implantados em dois locais: na medula espinhal e no Gânglio de Gasser – localizado na entrada do nervo Trigêmio no cérebro, dentro da base do crânio.
“Ali eles estimularão um dos núcleos do nervo Trigêmio, principalmente os ramos mandibular e maxilar. O estímulo do ramo oftálmico será principalmente pelo eletrodo no gânglio de Gasser, fechando o “circuito” e bloqueando a passagem de dor pelo nervo”, explicou.
O processo de adaptação aos neuroestimuladores demora cerca de duas a três semanas, prazo que varia conforme cada paciente. De acordo com o médico, o aparelho implantado será ajustado conforme necessário durante o período.
“Se o resultado não for suficiente após esse período iremos seguir o protocolo estabelecido”, informou o médico Carlos Marcelos de Barros.
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Jovem cogitou suicídio assistido na Suíça
Carolina Arruda, de 27 anos, é natural de São Lourenço, no Sul de Minas, e mora em Bambuí, no Centro-Oeste. Ela é estudante de medicina veterinária, casada há três anos e mãe de uma menina de 10 anos. A jovem começou a sentir as dores aos 16 anos, quando estava grávida e se recuperava de dengue.
Carolina Arruda tem 27 anos quer ser submetida à eutanásia na Suíça
Carolina Arruda/Divulgação
A dor e o desgaste de Carolina com a doença são tão intensos, que fizeram ela tomar a decisão para pôr fim ao sofrimento. Ela iniciou uma campanha na internet para conseguir recursos financeiros e ser submetida ao suicídio assistido na Suíça.
Carolina foi internada no dia 8 de julho na Santa Casa de Alfenas. Nesta primeira internação, a estudante ficou no hospital durante duas semanas. No dia 22 de julho, após receber uma alta temporária, ela relatou ter notado redução na frequência e duração das crises de dor.
A jovem voltou a ser internada na sexta-feira (26) para realizar os cuidados pré-operatórios referentes à cirurgia de implante de eletrodos.
O que é a neuralgia do trigêmeo?
A neuralgia do trigêmeo, também conhecida como a “doença do suicídio”, e comparada a choques elétricos e até a facadas. O trigêmeo é um dos maiores nervos do corpo humano. Ele leva esse nome porque se divide em três ramos:
o ramo oftálmico;
o ramo maxilar, que acompanha o maxilar superior;
o ramo mandibular, que acompanha a mandíbula ou maxilar inferior.
Ele é um nervo sensitivo, ou seja, que controla as sensações que se espalham pelo rosto. Permite, por exemplo, que as pessoas sintam o toque, uma picada e a dor no rosto.
Segundo os especialistas, a dor causada pela doença é uma das piores do mundo. Ela não é constante fora das crises, mas é disparada por alguns gatilhos que, na verdade, fazem parte da vida cotidiana como falar, mastigar, o toque durante a escovação ou barbear e até com a brisa do vento sobre o rosto.
A dor é incapacitante. Ou seja, impede que a pessoa consiga fazer atividades simples do dia a dia.
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