Aposentada de 92 anos, que andou de helicóptero pela primeira vez ao ser resgatada das enchentes do RS, faz voo de agradecimento


Honorata Demari ficou isolada por deslizamentos de terra em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. Tragédia no Rio Grande do Sul completa um ano. Enchentes no Rio Grande do Sul completam um ano
No Brasil, as enchentes no Rio Grande do Sul estão completando um ano.
O alívio de quem superou uma tragédia. O Jornal Nacional mostrou a corrida da Carla e do Willian para salvar o que restava da antiga casa, na Zona Norte de Porto Alegre. Com muito esforço, deu certo.
“Achamos outra casa, alugamos. Com um pouco que sobrou, o resto se comprou. E aí seguimos em frente, estamos lutando”, conta o marceneiro William Rafael Barreto Duran.
Desaparecidos, pânico com chuva e vestígios da destruição: o Rio Grande do Sul um ano após as enchentes
A família morava no bairro Sarandi, onde um dique rompeu, em maio de 2024. Para prevenir novas inundações, a barreira está sendo elevada em cerca de 2 m. Comportas, casas de bombas e diques que falharam na enchente receberam ajustes emergenciais e aguardam um estudo, que em 15 meses, promete indicar como todo o sistema anti-cheias deverá ser modernizado.
“Além disso, a gente está trabalhando nos dois locais de Porto Alegre que ainda não têm proteção junto ao aeroporto e na parte sul da cidade, se estendendo até a divisa de Porto Alegre”, diz Carlos Tucci, engenheiro responsável pelo estudo.
Quase 5 mil famílias precisam sair das áreas de risco.
“São aquelas áreas onde nós vamos ter obras públicas, ou então áreas que não estão protegidas dentro do sistema de proteção da cidade”, afirma André Machado, diretor-geral do Departamento de Habitação de Porto Alegre.
Dois condomínios financiados pelo governo federal estão em fase de projeto para receber essas pessoas. Uma alternativa são as famílias escolherem imóveis de até R$ 200 mil, que vão ser bancados pelo Ministério das Cidades. A dona de casa Larissa Silva da Silva vivia na região das ilhas e fechou contrato para morar na Zona Sul de Porto Alegre:
“Desde 2023, pegamos quatro enchente. Duas vezes minha casa foi interditada, tivemos que morar de favor. Hoje, moro na casa do meu irmão de favor ainda, esperando o meu imóvel. Hoje, consegui”, conta.
As enchentes atingiram cerca de 100 mil moradias no Rio Grande do Sul. A Região Metropolitana de Porto Alegre recebeu R$ 6,5 bilhões do governo federal para obras de prevenção contra cheias. O estado ainda prepara os projetos.
“Serão obras que não vão ser em um curto prazo de tempo realizadas e conclusas, vão demorar anos para elas poderem ser inauguradas e, finalmente, utilizadas pela população”, afirma Gabriel Souza, vice-governador do Rio Grande do Sul.
As marcas da enchente estão por todo lado. A área urbana de Eldorado do Sul, na Região Metropolitana, ficou completamente debaixo d’água por dias. Segundo a prefeitura, 1.982 residências foram consideradas inabitáveis, estão condenadas. Muitas ainda estão completamente destruídas pela enchente de maio de 2024.
Quase 400 pessoas continuam em abrigos no Rio Grande do Sul. A maioria está em dois centros humanitários, que ficam em Canoas e Porto Alegre, e que serão fechados em maio. As famílias vão ser encaminhadas para moradias provisórias.
No Vale do Taquari, bairros próximos ao rio não devem mais ser habitados
Jornal Nacional/ Reprodução
No Vale do Taquari, bairros próximos ao rio não devem mais ser habitados. Em Estrela, quase 1,3 mil famílias esperam por uma casa em área segura.
“O recurso está chegando no município. Mas o trâmite burocrático para fazer o movimento de construção das residências é que está demorando demais. Então, a gente está fazendo mapeamento digital de todos os terrenos que o município tem, concedendo terrenos para as famílias, então, fazerem a sua própria construção”, diz Carine Schwingel, prefeita de Estrela.
Na cidade de Muçum, a prefeitura, em parceria com a iniciativa privada, construiu 52 casas em uma área alta, longe do rio.
“É uma nova vida, bola para frente. Que Deus nos abençoe cada vez mais para que a gente possa, com pouco, virar o muito”, diz a dona de casa Loreci de Oliveira Melo.
Aposentada de 92 anos, que andou de helicóptero pela primeira vez ao ser resgatada das enchentes do RS, faz voo de agradecimento
Jornal Nacional/ Reprodução
Recomeçar depois da tragédia também é ressignificar o momento mais difícil da história do Rio Grande do Sul. Aos 92 anos de idade, a aposentada Honorata Demari andou de helicóptero pela primeira vez ao ser resgatada de uma área isolada por deslizamentos de terra em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha.
“No dia que a gente retirou ela, estava chovendo. Ela estava molhada, um dia bem triste assim para muita gente. Ela estava meio nervosa e eu tentei conversar um pouco para acalmar, fui fazer uma brincadeira com ela. E aí eu disse: ‘Olha, quando a senhora melhorar, quando tiver tudo melhor, todo mundo bem, eu volto aqui para te buscar para a gente fazer um passeio diferente’”, conta o piloto Rafael Carrard.
Rafael é catarinense. E um ano depois da enchente, cumpriu a promessa de levar Honorata para um passeio de contemplação e agradecimento.
“Que coisa, meu Deus do céu. Obrigada! Que coisa linda”, diz a aposentada Honorata Demari.
Honorata Demari andou de helicóptero pela primeira vez ao ser resgatada de uma área isolada por deslizamentos de terra em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha
Jornal Nacional/ Reprodução
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