Agentes do governo de Nicolás Maduro invadem casa e sequestram opositora


Em entrevista ao Estúdio i, o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, condenou as prisões de opositores e disse que o governo brasileiro cobra e espera pela divulgação das atas: ‘Não quero usar o termo guerra civil, mas temo muito’. Agentes de Maduro invadem casa e sequestram dirigente da oposição
Na Venezuela, agentes do Serviço de Inteligência do presidente Nicolás Maduro sequestraram uma dirigente da oposição. Mais de 2 mil pessoas já foram presas arbitrariamente.
María Oropeza estava fazendo uma transmissão ao vivo no momento em que um grupo arrombou uma porta para capturá-la. Os agentes avançaram e, pouco antes da prisão, a transmissão foi interrompida.
O partido Vente Venezuela afirmou que os invasores eram da Direção de Contra-Inteligência Militar, órgão que se apresenta como escudo das Forças Armadas. Eles não apresentaram nenhuma ordem judicial. Maria Oropeza chefiou a campanha da oposição na região central da Venezuela. O governo venezuelano ainda não se pronunciou sobre o caso.
Com receio de ser preso, Edmundo González, candidato da oposição, não compareceu nesta quarta-feira (7) à Suprema Corte, controlada por Nicolás Maduro. Ele foi convocado para dar explicações e apresentar documentos da oposição sobre as eleições.
Na terça-feira (6), Nicolás Maduro afirmou que as forças militares da Venezuela prenderam 2.229 pessoas, a quem chamou de terroristas. Segundo a organização não-governamental Provea, 24 pessoas morreram nos protestos desde a eleição.
Em meio à disputa eleitoral na Venezuela, agentes do governo sequestram opositora
Jornal Nacional/ Reprodução
Em entrevista ao jornal “O Globo”, a líder da oposição Maria Corina Machado, declarou que tem 83,5% das atas e que pode entregá-las ao Brasil e a qualquer governo que queira constatar a veracidade dos documentos.
Dez dias depois das eleições, o trabalho de negociação que fazem Brasil, Colômbia e México ganhou mais respaldo no mundo diplomático. Os três países defendem a divulgação das atas de votação, com os dados das sessões eleitorais, como o ponto de partida para uma conversa entre Maduro e a oposição. Em diálogos recentes com o governo brasileiro, Estados Unidos e países da União Europeia apoiaram a estratégia para evitar uma escalada da violência.
Em entrevista ao Estúdio i, da GloboNews, o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, condenou as prisões de opositores. Ele disse que o governo brasileiro cobra e espera pela divulgação das atas.
“Eu acho, sinceramente, que pelo nível de divisão que existe na Venezuela será necessário algum tipo de conversa de mediação. Claro que é lamentável que as atas não tenham aparecido. Eu disse isso para o presidente Maduro. Eu estive com ele no dia seguinte da eleição e perguntei sobre as atas. Ele disse que seriam publicadas, depois encontraram esse caminho pela Justiça. Tenho que confessar minha ignorância, eu não compreendo bem ainda o que a Justiça vai fazer”, diz.
Amorim defendeu, mais uma vez, o diálogo entre Maduro e a oposição e afirmou temer uma guerra civil no país.
“O pior cenário é, digamos, ficar nessa questão, condena um, condena outro e você entra… Eu temo muito que possa haver um conflito muito grave. Eu não quero usar a expressão guerra civil, mas temo muito. E eu acho que a gente tem que trabalhar para que haja um entendimento. Isso exige uma conciliação. Conciliação exige flexibilidade de todos os lados. Então, temos que ter uma flexibilidade, ouvir todos os lados e contribuir para que a solução tem que ser deles. Ninguém de fora vai impor uma solução”, afirma Celso Amorim.
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