Prisão de jogador do América-MG por racismo é a primeira em 2025

A prisão de jogadores em flagrante por injúria racial é algo raro no futebol brasileiro. Segundo Marcelo Carvalho, do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, um dos últimos casos em competições oficiais foi em 2005, em partida do São Paulo contra o Quilmes, pela Copa Libertadores

Neste domingo (5), o atleta boliviano do América-MG, Miguel Terceros, foi preso em flagrante , após a partida entre Operário e América-MG, em Ponta Grossa, no Paraná. Este foi o primeiro caso de prisão sob acusação de racismo durante um jogo e registrado em 2025. O Coelho nega as acusações.

O Fantasma venceu o Coelho por 1 a 0 no estádio Germano Kruger, na Série B.

Segundo o último relatório do Observatório da Discriminação Racial no Futebol 2023, as acusações são, em maioria, de torcedores agredindo jogadores. De 162 ocorrências, 128 começaram com torcedores, enquanto 12 atletas foram acusados de ofensas racistas. Porém, os acusados costumam responder os processos em liberdade sem antes ter passado, por exemplo, por prisões em flagrante, sejam temporárias ou preventivas.

2005: Grafite x Desábato

Em 2005, o primeiro confronto entre Quilmes e São Paulo, na Argentina, teve reclamações dos Tricolores por ofensas racistas. O time chegou a se desculpar com os brasileiros, porém, a situação se agravou no Brasil.

Na partida de volta, no Morumbi, o atacante Grafite acusou o zagueiro Leandro Desábato de tê-lo chamado de “negro de merda”. O argentino recebeu voz de prisão ainda no gramado.

Encaminhado ao 34º DP, em São Paulo, Desábato passou 43 horas preso e só voltou à Argentina após o pagamento de 10 mil reais em fiança.

2025: Terceros x  Allano

Segundo a Polícia Civil do Paraná, Miguelito teria proferido a expressão “preto do c******” contra o meia Allano, do Operário, aos 30 minutos do primeiro tempo. A ofensa foi confirmada pela vítima e pelo capitão da equipe paranaense, o jogador Jacy, que presenciou o episódio.

A fala racista não foi registrada pelas câmeras da transmissão oficial.

O árbitro Alisson Sidnei Furtado interrompeu imediatamente a partida e aplicou o protocolo antirracismo da CBF, cruzando os punhos. O jogo ficou paralisado por cerca de 15 minutos. Após os jogos, os envolvidos foram levados ao batalhão da Polícia Militar.

A Polícia considerou os depoimentos suficientes para o flagrante e solicitou imagens da transmissão do jogo. O jogador segue preso. A CNN aguarda a manifestação da defesa do jogador.

O que diz o América-MG

“O América FC ,fiel à sua história centenária e aos princípios que a sustentam, vem a público prestar esclarecimentos e manifestar total solidariedade ao atleta Miguel Ángel Terceros, diante de acusações infundadas que tentam associar seu nome a conduta de cunho racista.

Após criteriosa apuração interna e análise dos fatos disponíveis, não foi identificada qualquer atitude, gesto ou declaração do jogador que possa, sob qualquer ângulo, ser interpretada como discriminatória. Ao contrário, Miguel Terceros sempre demonstrou conduta ética, respeito e espírito esportivo, sendo amplamente reconhecido no clube por seu profissionalismo e integridade.”

O que diz o Operário-PR

“O Operário Ferroviário Esporte Clube repudia com veemência qualquer ato de racismo. Durante a partida de hoje (04), diante do América-MG, o nosso atleta Allano relatou ter sido vítima de ofensas racistas por parte do jogador Miguelito, da equipe adversária. O clube está buscando as imagens e demais elementos que possam confirmar os fatos e tomará todas as medidas cabíveis diante da gravidade da situação.

Reforçamos que o Operário está prestando todo o suporte necessário ao atleta Allano e seguirá firme em seu compromisso com a luta contra o racismo, dentro e fora de campo. Não vamos tolerar nenhuma forma de discriminação.” 

Este conteúdo foi originalmente publicado em Prisão de jogador do América-MG por racismo é a primeira em 2025 no site CNN Brasil.

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