Ataque de drones no Sudão pode dificultar entrada de ajuda humanitária

Explosões e incêndios abalaram a principal cidade portuária do Sudão e a atual capital, Porto Sudão, nesta terça-feira (6), segundo uma testemunha da agência de notícias Reuters.

Os ataques incluíram a utilização de um veículo aéreo não tripulado pelas Forças de Apoio Rápido (RSF), grupo paramilitar do Sudão, às instalações da cidade, visando o terminal de contêineres, informou a empresa britânica de segurança marítima Ambrey.

As explosões aconteceram como parte de um ataque de drones que durou vários dias e incendiou o maior depósito de combustível do país, danificando a porta de entrada mais importante para ajuda estrangeira.

Um vídeo da Reuters mostra uma enorme coluna de fumaça preta na área ao redor do porto. A testemunha relatou que explosões foram ouvidas de outras áreas, embora não estivesse claro exatamente onde mais havia sido atingido.

A empresa de eletricidade do Sudão informou que uma subestação na cidade também foi atingida, causando uma queda total de energia, parte de um ataque sistemático à infraestrutura.

Porto Sudão se tornou base do governo alinhado ao Exército depois que as Forças Armadas sudanesas perderam o controle de grande parte da capital, Cartum, no início do conflito para as Forças de Apoio Rápido (RSF).

Centenas de milhares de pessoas deslocadas também buscaram refúgio na cidade, onde autoridades, diplomatas e agências das Nações Unidas também estabeleceram sedes, tornando-a a principal base para operações de ajuda no que a ONU chamou de o maior desastre humanitário do mundo.

Os depósitos de importação e armazenamento de Porto Sudão fornecem combustível para todo o país. A destruição das instalações pode causar uma grande crise, limitando o transporte de ajuda por estrada e afetando a produção de eletricidade e o fornecimento de gás de cozinha.

Nova frente no conflito

Os ataques, que começaram no domingo (4), abrem uma nova frente no conflito, tendo como alvo o principal reduto do exército no leste do Sudão, após este ter forçado as Forças Revolucionárias da Síria (FSR) a recuar para o oeste, atravessando grande parte do centro do Sudão, incluindo Cartum, em março.

Fontes militares culpam as Forças Revolucionárias da Síria (FSR) pelos ataques à cidade portuária desde domingo, embora o grupo ainda não tenha reivindicado qualquer responsabilidade pelos ataques.

No domingo, drones atingiram uma base militar na área próxima ao único aeroporto internacional em funcionamento do Sudão e, na segunda-feira (5), atacaram os depósitos de combustível da cidade.

Um dos alvos foi um grande hotel próximo à residência do líder militar sudanês, General Abdel Fattah al-Burhan, segundo testemunhas.

As investidas ocorreram depois que uma fonte militar comentou que o exército havia destruído uma aeronave e depósitos de armas no aeroporto de Nyala, controlado pela RSF, em Darfur, o principal reduto do grupo paramilitar.

Egito e Arábia Saudita condenam os ataques

Os ataques foram condenados por Egito e Arábia Saudita e também receberam manifestações de preocupação da ONU.

O governo sudanês, alinhado ao Exército, acusou os Emirados Árabes Unidos de apoiarem as Forças Revolucionárias da Arábia Saudita (FSR), alegações que especialistas da ONU consideraram críveis.

Os Emirados Árabes Unidos negaram apoiar as FSR e o Tribunal Internacional de Justiça (TCJ) declarou na segunda-feira (5) que não poderia decidir sobre um caso em que o governo acusava os Emirados Árabes Unidos de fomentar genocídio.

A guerra, desencadeada por uma disputa sobre a transição para um regime civil, deslocou mais de 12 milhões de pessoas e deixou metade da população em situação de fome aguda, segundo a ONU.

Com o sucesso do Exército em expulsar as FSR da maior parte do centro do Sudão, os paramilitares mudaram as táticas de incursões terrestres para ataques com drones contra usinas de energia e outras instalações em territórios controlados pelo exército.

O Exército continuou com as investidas aéreas na região de Darfur, reduto das FSR.

As duas forças continuam a lutar batalhas terrestres pelo controle de al-Fashir, a capital do estado de Darfur do Norte, e de outros lugares, à medida que as linhas de batalha na guerra se solidificam em zonas distintas de controle.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Ataque de drones no Sudão pode dificultar entrada de ajuda humanitária no site CNN Brasil.

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