Conclave: quem são os 133 cardeais que escolherão (e podem se tornar) o próximo papa; INFOGRÁFICO


Escolha do novo pontífice começa nesta quarta-feira (7) no Vaticano. Na média, processo dura entre dois e três dias — expectativa é de que haja definição na quinta (8) ou na sexta-feira (9).
Está nas mãos de 133 cardeais escolher quem, entre eles mesmos, será o próximo papa, o chefe da Igreja Católica no mundo. O conclave, como é chamado essa etapa, começa nesta quarta-feira (7).
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A lista de favoritos tem italianos, americano e até mesmo um brasileiro. A seguir, alguns nomes:
Jean-Marc Aveline, França
Péter Erdő, Hungria
Mario Grech, Malta
Juan Jose Omella, Espanha
Pietro Parolin, Itália
Luis Antonio Gokim Tagle, Filipinas
Joseph Tobin, Estados Unidos
Leonardo Ulrich Steiner, Brasil
Peter Turkson, Gana
Matteo Maria Zuppi, Itália
A sucessão acontece depois da morte do papa Francisco, em 21 de abril. Veja no infográfico acima.
Praça São Pedro às vésperas do conclave, que começa na quarta
Reuters
✝️Quais as características principais dos 133 cardeais?
Veja um raio-X desse grupo de clérigos — que já é considerado o mais diverso da história recente na Igreja Católica:
Conclave mais globalizado
Arte/g1
Quantos países estão representados?
Em 2013, no conclave que elegeu o papa Francisco, os cardeais haviam nascido em 48 países diferentes. Desta vez, são 70 nações representadas (Mongólia, Laos, Papua-Nova Guiné e Mali, por exemplo, “estrearão” na assembleia).
“Francisco aumentou muito a proporção de cardeais que não são europeus nem norte-americanos. E, nesses outros países, a Igreja Católica está mais enfraquecida e minoritária”, diz Francisco Borba Ribeiro Neto, sociólogo especialista em religião e ex-coordenador do departamento de fé e cultura da PUC-SP.
A tendência é que esses cardeais de fora da Europa e dos EUA busquem uma opção de papa mais firme”, complementou.
O historiador italiano Gian Luca Potestà, professor da Universidade Católica de Sacro Cuore, em Milão, afirma que a assembleia mais “global” reflete não só a mudança no perfil dos fiéis ao redor do mundo, mas também o desejo do Papa Francisco de valorizar igrejas locais engajadas com causas sociais e políticas.
E atenção: como dito no início da reportagem, o conclave não deve ser interpretado como uma disputa entre países.
“Não se trata de um campeonato de futebol entre nações”, explica Potestà. “Mas é claro que a afinidade linguística e cultural entre cardeais de uma mesma região pode influenciar nas articulações internas.”
Quantos foram indicados por cada papa?
Entre os 133 votantes, a maioria (108) foi nomeada pelo papa Francisco. Outros 21 assumiram o cargo por escolha de Bento XVI, e quatro, por decisão de João Paulo II.
➡️Mas, atenção: um cardeal indicado por Francisco, por exemplo, não necessariamente votará em um candidato com a mesma linha de atuação.
“Nenhum membro deste conclave fez a carreira inteira só na gestão do último papa, simplesmente porque ninguém vai de padre a cardeal em apenas 12 anos. Tirando casos extremos, a maioria [dos votantes] tem sua história construída pelos dois lados: de Francisco e de Bento”, explica o sociólogo Ribeiro Neto.
Exemplo: O brasileiro Odilo Scherer, que participará do conclave, foi nomeado bispo em 2001 por João Paulo II e só se tornou cardeal em 2007, já durante o pontificado de Bento XVI.
Qual é a faixa etária dos votantes?
Apenas os cardeais de até 80 anos podem votar. Na lista dos que vão fazer parte do conclave, a idade média é de 69 anos. O representante mais jovem é o ucraniano Mykola Bychok, de 45 anos, que atua na Austrália. E o mais velho é Jean-Pierre Kutwa, de 79 anos, da Costa do Marfim.
Idade média dos cardeais
Arte/g1
Quem são os favoritos
⛪O que vai pautar as escolhas dos cardeais?
Quem são os 133 cardeais que elegerão o novo papa
Serão três pontos fundamentais:
Abertura ou resistência a riscos: cardeais mais prudentes, que promovam uma continuidade ao que estava sendo feito por Francisco, devem levar vantagem.
Espiritualidade: tem maior chance aquele candidato que demonstra ser mais espiritualizado e menos “mundano”.
Transparência: provavelmente, aqui há um consenso, e todos devem defender decisões mais claras e abertas dentro da instituição.
➡️É importante lembrar que a maioria dos cardeais votantes não se conhece. Com exceção dos que já têm algum cargo no Vaticano, o restante não faz ideia do trabalho feito pelo seu colega em outro país. Por isso, o momento do conclave em que os membros podem se pronunciar é tão decisivo: será a oportunidade de cada um mostrar que tem a capacidade de responder aos desafios atuais da Igreja.
“É isso o que define o voto de um cardeal. Todos estão procurando alguém que faça com que a igreja universal seja mais tranquila. Se os votantes virem que um cardeal identifica os mesmos problemas que eles próprios veem na instituição, essa pessoa terá mais chances de ser eleita. Não é uma questão de votação ideológica ou doutrinal. É de percepção”, diz o sociólogo.
Para o historiador Gian Luca Potestà, professor da Universidade Católica de Sacro Cuore, em Milão, o desafio do próximo conclave será justamente encontrar este equilíbrio.
“Não acho que será eleito alguém que continue integralmente a linha de Francisco, mas também não acredito que veremos alguém completamente contrário a ele, como foi, em certos aspectos, o cardeal Müller, da Alemanha”, analisa o historiador.
A tendência, diz Potestà, é por um nome que “mitigue algumas das aberturas feitas, mas sem reverter totalmente a direção do pontificado atual”.
“Na história da Igreja, já houve movimentos de avanço e retrocesso. Mas, hoje, acho difícil um retorno ao passado, principalmente pelo estilo que Francisco imprimiu à imagem da Igreja no mundo.”
* COLABORARAM: Luisa Belchior, Lara Castelo, Nayara Felizardo, Paula Salati e Victor Paz.
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