
Um protesto pedindo justiça foi realizado na manhã desta quinta-feira (8) em frente ao Palácio do Governo do Estado. Ocorrência foi registrada na madrugada do último domingo (4) no bairro do Pantanal, em Macapá. Familiares dos 7 jovens mortos em ação da pm no Amapá fazem protesto
Familiares e amigos dos sete jovens mortos durante uma ação da Polícia Militar do Amapá (PM) realizaram um protesto pedindo justiça em frente ao Palácio do Governo do Estado, nesta quinta-feira (8). Um dos cartazes erguidos pedia o uso de câmeras corporais por agentes de segurança pública no estado.
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O grupo morreu no último domingo (4) durante uma ocorrência no bairro do Pantanal, na Zona Norte de Macapá. Segundo a Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Amapá (Sejusp), no momento da ação os policiais atendiam a uma denúncia de tráfico de drogas na região. Os agentes envolvidos na operação foram afastados para apuração do caso.
A versão é contestada por pessoas próximas ao grupo. Eles alegam que os jovens não estavam envolvidos com tráfico de drogas ou armados. Segundo eles, as vítimas retornavam de uma partida de futebol quando o veículo foi abordado pela polícia.
A Sejusp informou que, entre os mortos, está Erick Marlon Pimentel Ferreira, identificado pela polícia como chefe do tráfico de drogas na Zona Norte da cidade.
As outras seis vítimas são: Thiago Cardoso da Fonseca, Emanuel Braya Pimentel Ferreira, Wesley Jhonata Monteiro Ribeiro, Cleiton Ramon da Silva Ferreira, Wendel Cristian Conceição Wanderley e Max Dias Tolosa, de 16 anos.
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Amanda Camila Pimentel, mãe de Erick e Emanuel Braya, afirmou que o filho de fato tinha passagem pela polícia, mas acredita que a abordagem dos policiais foi excessiva.
“Meu filho era ex-presidiário, ele tem uma passagem, o Erick. Mas nem por isso eles poderiam chegar matando ele e todo mundo. Se for por isso, se for para eles matarem todos que têm passagem, vai morrer muito político. Então, não é justo o que fizeram com nossos filhos. Não é justo matar o meu filho. O meu filho tinha passagem, sim, mas depois que ele saiu, a vida dele foi correta”, disse Amanda.
Cleiton e Max moravam próximos dos irmãos Erick e Emanuel. O quarteto foi velado em uma igreja no bairro do Açaí, na segunda-feira (5).
Em nota, o governo informou que, se forem identificados excessos ou uso desproporcional da força, o Estado tomará todas as medidas cabíveis.
Viviane Carvalho, prima de Thiago Cardoso
Mariana Ferreira/g1
Dinain Cardoso, tia de Thiago Cardoso [uma das vítimas], destacou que uma das reivindicações do protesto é o uso de câmeras corporais por agentes de segurança pública no estado.
“Nós queremos câmeras no uniforme desses policiais. Queremos câmeras no uniforme deles para acabar com essa troca de tiros […] Nós estamos aqui por isso, para lutar por justiça. Que seja feita justiça pelos nossos sete e por outras mães, que também pode acontecer isso com os filhos delas”, afirmou Dinain.
Dinain Cardoso, tia de Thiago Cardoso
Mariana Ferreira/g1
Sobre o uso de câmeras corporais
A Defensoria Pública do Amapá (DPE) informou na terça-feira (6) que, em dezembro de 2024, fez a primeira recomendação do uso de câmeras corporais por agentes de segurança pública no estado. A medida foi reforçada após o Amapá registrar a taxa mais alta de letalidade policial do país por quatro anos seguidos.
Em 2021, a Sejusp testou câmeras corporais para avaliar o uso por agentes de segurança pública, mas o projeto não teve andamento na época. O g1 perguntou à pasta o motivo da interrupção dos testes, mas até a publicação desta matéria não teve retorno.
Quem também participou da manifestação foi Francimar Conceição, mãe do jogador Wendel Conceição. O jovem de 22 anos era filho único e deixou a companheira grávida.
“Meu único filho tiraram de mim. Ele era um menino bom e eu vou lutar para falar quem meu filho era. Como todo mundo sabe, meu filho era jogador, jogava em vários times aqui de Macapá. Pode perguntar aí quem era meu filho, todo mundo vai falar bem dele”, relembrou Francimar.
Wendel passou por times do futebol profissional do Amapá como: Trem, Ypiranga, Esporte Clube Macapá e São Paulo. Além disso, era acadêmico de Educação Física em uma instituição particular de ensino na capital e trabalhava em um estabelecimento no bairro do Renascer, na Zona Norte da cidade.
Francimar Conceição, mãe de Wendel
Mariana Ferreira/g1
As famílias dos jovens disseram que, nos próximos dias, devem entrar com uma ação junto ao Ministério Público do Amapá (MP).
A Defensoria Pública informou que acompanha com atenção os desdobramentos da operação policial. Disse ainda que reitera o compromisso com a promoção dos direitos humanos e a busca por transparência nas ações da segurança pública.
Protesto ocorreu na manhã desta quinta-feira (8)
Mariana Ferreira/g1
O que diz a polícia sobre a ocorrência
O boletim gerado informa que o carro em que o grupo estava, colidiu contra uma viatura da PM e no acidente, um policial que atuava de moto foi derrubado.
Após o acidente, segundo a versão da polícia, os ocupantes do carro começaram a atirar contra os militares, colocando em risco a integridade física dos agentes, o que gerou o confronto entre as partes.
Ainda segundo o boletim, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado para prestar socorro aos feridos e constatou a morte dos ocupantes do carro. O policial militar ferido também recebeu atendimento médico no local, através de uma ambulância do Corpo de Bombeiros do Amapá.
A Polícia Científica do Amapá (PCA) realizou os procedimentos periciais e a remoção dos corpos.
Interior do carro envolvido na ocorrência
Mariana Ferreira/g1
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