Dólar opera em alta, com mercado reagindo a dados da inflação brasileira


No dia anterior, a moeda norte-americana caiu 1,47%, cotada a R$ 5,6611. Já a bolsa encerrou em alta de 2,12%, aos 136.231 pontos, no maior patamar em oito meses. Notas de dólar.
Dado Ruvic/ Reuters
O dólar opera em leve baixa nesta sexta-feira (9), com o mercado reagindo à divulgação dos dados de inflação de abril no Brasil e ainda repercutindo notícias dos últimos dias, com destaque para o acordo entre Estados Unidos e Reino Unido e decisões sobre juros por aqui e lá fora.
Por volta das 09h40, a moeda americana era negociada a R$ 5,65.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, mostra que os preços subiram 0,43% em abril, conforme dados divulgados nesta sexta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado da inflação de abril veio em linha com as projeções de agentes dos mercado financeiro. Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, oito apresentaram alta no mês passado, com destaque para Alimentação e bebidas e Saúde e cuidados pessoais.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
Às .9h40, o dólar caía 0,07%, cotado a R$ 5,6569Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda americana fechou em baixa de 1,47%, aos R$ 5,6611.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,13% na semana;
recuo de 0,28% no mês; e
perda de 8,39% no ano.

a
📈Ibovespa
O Ibovespa começa a operar às 10h.
Na véspera, o índice fechou em alta de 2,12%, aos 136.231 pontos, maior patamar desde setembro de 2024.
Com o resultado, o índice acumulou:
alta de 0,81% na semana;
avanço de 0,86% no mês; e
ganho de 13,26% no ano.

O que está mexendo com os mercados?
O anúncio de um novo acordo comercial selado entre Estados Unidos e Reino Unido, nesta quinta-feira (8), também segue no radar dos investidores.
Além de estabelecer medidas tarifárias, o tratado também estabelece a criação de uma zona de comércio de alumínio e aço e de uma cadeia de suprimentos farmacêuticos segura. Segundo Trump, o acordo deve aumentar a receita externa dos EUA em US$ 6 bilhões e de criar US$ 5 bilhões em novas oportunidades de exportação.
Em contrapartida, os EUA deverão baixar as tarifas para a indústria automobilística britânica de 27,5% para 10% e zerar os impostos sobre aço e alumínio.
Apesar de este ter sido apenas o primeiro acordo comercial que os EUA conseguiram firmar com um de seus parceiros desde a imposição das “tarifas recíprocas” anunciadas em abril, Trump indicou que tem várias reuniões planejadas para os próximos dias, destacando que outros países também querem fazer um acordo com os norte-americanos.
O tratado entre EUA e Reino Unido também foi bem-visto pelos mercados financeiros, que viram o novo acordo e as sinalizações de que Trump conversa com outros países como um possível alívio na guerra comercial imposta pelo republicano.
Taxas de juros na mira
Outro destaque da semana e que segue repercutindo nesta sexta foram as decisões de juros por parte do Banco Central do Brasil e do Fed. No Brasil, a decisão de aumentar a Selic nesta quarta-feira foi unânime, a favor de elevar a taxa para 14,75%.
O Copom justificou que a incerteza na economia dos EUA, principalmente devido à guerra comercial, é um dos principais fatores que pressionam a inflação no Brasil e levam à alta dos juros. Outro fator é a política fiscal no Brasil, ainda com despesas elevadas.
“O ambiente externo mostra-se adverso e particularmente incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente acerca de sua política comercial e de seus efeitos. A política comercial alimenta incertezas sobre a economia global, notadamente acerca da magnitude da desaceleração econômica e sobre o efeito heterogêneo no cenário inflacionário entre os países, com repercussões relevantes sobre a condução da política monetária”, escreveu o Copom.
Por fim, o comitê destacou que o “cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação.”
Segundo Rafael Cardoso, economista-chefe do banco Daycoval, a principal novidade no comunicado está no balanço de riscos da instituição, que considerava mais os riscos econômicos brasileiros do que os internacionais até sua última reunião.
“A inclusão da queda dos preços das commodities fez com que houvesse três riscos para cada lado, o que na opinião do BC além de ser riscos em quantidade igual, eles têm o mesmo peso e portanto o balanço passou a ser simétrico”.
Esse olhar mais atento ao cenário externo (que não recebe interferência dos juros no Brasil) e a falta de sinalização sobre possíveis novas altas nos juros indicam que pode haver uma pausa no ciclo de alta da Selic, explica Cardoso.
Daniel Cunha, estrategista-chefe do BGC Liquidez, concorda e comenta que “não há dúvida de que o BC tem se empenhado em pavimentar o caminho para o fim do ciclo de alta nos juros”.
“A verdadeira questão, no entanto, era e ainda é se os dados sustentariam uma mudança para um ponto de fim mais cedo e mais baixo, ao invés de um ponto mais tarde e mais elevado”, afirma Cunha.
Esse cenário, somado aos resultados corporativos divulgados ao longo do dia, ajuda a explicar o bom desempenho do Ibovespa na sessão.
Nos EUA, foi a terceira reunião seguida em que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) optou por não alterar o referencial de juros. Em comunicado, o comitê afirmou que as incertezas em torno das perspectivas econômicas “aumentaram ainda mais” em meio à política tarifária de Trump.
A decisão de manter os juros inalterados nos EUA nesta quarta-feira veio apesar da pressão e das fortes críticas de Trump contra o presidente do Fed, Jerome Powell.
Nas últimas semanas, Trump questionou inúmeras vezes o trabalho do presidente do Fed à frente da instituição e chegou a ameaçar demiti-lo, mesmo que o presidente dos EUA não tenha poder para tomar essa decisão.
Nesta quinta-feira, Trump renovou suas críticas ao banqueiro central, reclamando que o Fed está se recusando a reduzir a taxa de juros. “Ele [Powell] não está apaixonado por mim”.
Após o anúncio de juros na véspera, Powell afirmou que a pressão de Trump por cortes nas taxas de juros “não afeta” o trabalho do Federal Reserve. Ele declarou ainda que não tentou agendar um encontro com o republicano.
“Nunca pedi uma reunião com nenhum presidente, e nunca pedirei”, disse o chefe do Fed, em entrevista a jornalistas. “Nunca houve motivo para eu solicitar uma reunião. Sempre partiu do outro lado.”
O banqueiro central também observou que a política comercial de Trump continua sendo uma fonte de incertezas e reforçou a necessidade de o Fed esperar antes de ajustar sua política monetária.
“Eu não acho que podemos dizer qual será o desfecho disso”, disse. “Há uma grande incerteza sobre, por exemplo, onde as políticas tarifárias vão se estabilizar.”

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