
Os riscos das linhas férreas nas áreas urbanas são tema de debates há anos, inclusive no Poder Legislativo. Na última quinta-feira (08), um motociclista morreu em um acidente entre um trem, um caminhão, dois carros e a moto da vítima em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
Imagens de câmeras de segurança mostram que o sinaleiro para o trânsito municipal estava aberto no momento da batida, às 6h31. Os carros avançam e, mesmo com a aproximação do trem, o caminhão passa pelo trilho e acaba atingido – com o impacto, ele arrastou os demais veículos.
A Rumo, concessionária da ferrovia, afirmou em nota que a causa do acidente foi erro do motorista da carreta. Contudo, à polícia, nenhuma testemunha relatou ter ouvido a buzina do trem.
O acidente ainda suscitou o debate em relação à falta de sincronia entre o sinaleiro e o funcionamento da ferrovia no trecho. O especialista em trânsito Hugo Alexander concorda com a discussão, mas ressalta, em primeiro lugar, que a preferência por lei é sempre da locomotiva.
O especialista, contudo, reconhece a necessidade de mecanismos para orientação dos motoristas, que passam por equipamentos de sincronia, efeitos sonoros e ainda campanhas de conscientização.
Para o arquiteto e urbanista Carlos Hardt, o cruzamento onde aconteceu o acidente é complexo diante das vias importantes ao redor. Ele reforça a preferência dos trens, mas reconhece que, no local, a falta de compatibilidade das diferentes sinalizações pode confundir o motorista. Desta forma, na avaliação dele, existe a necessidade de compartilhamento na sinalização para evitar outros casos de acidentes.
O advogado e doutor em Direito Rodrigo Luís Kanayama reforça que a investigação do caso deve apontar as questões de sinalização.
Ele também reforça que a responsabilidade da concessionária é objetiva, mesmo que não haja culpa.
Na quinta-feira (08), a prefeita de Pinhais, Rosa Maria, esteve no local do acidente. À reportagem, ela afirmou que a sinalização e funcionamento do sinaleiro estavam corretos no local. Alegou, ainda, dificuldade para uma sincronização do sinaleiro junto à linha férrea.
No acidente em Pinhais, outras duas pessoas ficaram feridas e foram levadas para atendimento. O inquérito de investigação deve ser finalizado em 30 dias.
Reportagem: Bárbara Hammes e Marlon Santiago