
Dados mostram que Brasil está mais envelhecido e mais feminino. Em Brasília, encontro debateu mitos e estereótipos sobre ‘mulheres maduras’. Roda de conversa celebra a maturidade da mulher e aborda ferramentas para viver essa fase da melhor forma
Brasília Shopping/Divulgação
A jornada para a maturidade feminina é repleta de desafios. As mulheres enfrentam estereótipos de gênero, equilibram responsabilidades profissionais e pessoais e, ao ultrapassar a marca dos 50 anos de idade, lidam com mudanças físicas e emocionais ainda mais profundas.
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Um dos reflexos disso está na vida sexual, diz a psicóloga especialista em terapia sexual e educação em sexualidade Ana Canosa. Segundo ela, é preciso derrubar mitos e tratar o sexo não mais como performance.
“O maior benefício talvez seja a liberdade de não estar mais presa à ideia de performance. A maturidade nos permite focar na qualidade do encontro, e não na frequência”, diz a terapeuta.
População envelhecida e feminina. Como fica a sexualidade❓
Segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o Brasil está mais envelhecido e mais feminino:
As mulheres são 51,5% dos 203 milhões de brasileiros;
A idade mediana do brasileiro passou de 29 anos (em 2010) para 35 anos (em 2022);
Isso significa que metade da população tem até 35 anos, e a outra metade é mais velha que isso;
Foi o maior salto de envelhecimento entre dois censos desde 1940.
Palco para conversas sobre maturidade feminina, a 4ª edição, do evento Happy Aigng, do Brasília Shopping, abraçou o tema “Mulher Hoje, Mulher Sempre”. Durante a quarta (8) e a quinta-feira (9), especialistas abordaram assuntos que fazem parte do cotidiano da mulher madura contemporânea.
Ana Canosa, uma das convidadas, falou sobre a importância da comunicação ao explorar a sexualidade na maturidade. A terapeuta explica que como o corpo muda, a resposta sexual também muda – e alerta que é importante conversar sobre o assunto para entender o que é fisiológico, o que é emocional, o que vem dos afetos.
“A relação sexual deixa de ser uma obrigação para ser um prazer real, mais conectado, mais presente. A maturidade traz essa possibilidade de viver o sexo de forma mais plena, sem pressa, sem cobrança”, diz Ana Canosa.
Segunda a especialista, há muitos mitos sobre como a sexualidade passa a ser na maturidade, entre eles:
A ideia de que a menopausa marca o fim da vida sexual da mulher
A ideia que um corpo mais velho não pode mais ser erotizado — “O que é absolutamente falso”, afirma.
“Existe o mito de que, se o homem começa a perder ereção, a vida sexual está encerrada. Mas a sexualidade não se resume à penetração. Há ainda uma visão ultrapassada de que o lugar do idoso é em casa cuidando dos netos. Talvez esse seja o maior mito de todos: o de que o desejo tem prazo de validade. E não tem”, diz a sexóloga.
Maturidade e autoestima
Claudia Ohana faz protesto contra etarismo: ‘Nós não estamos velhas aos 62’
Segundo Ana Canosa, há dois aspectos principais quando se fala em maturidade e autoestima das mulheres – o primeiro é estético.
“Vivemos em uma sociedade que associa juventude à sensualidade — como se o desejo fosse privilégio exclusivo dos mais jovens. Com isso, muitas mulheres maduras passam a se sentir envergonhadas com o próprio corpo, acreditando que já não são bonitas ou desejáveis. Essa percepção pode limitar a liberdade de viver a própria sexualidade”, diz a psicóloga.
“O corpo muda, sim, e ainda bem — isso é sinal de vida. A beleza existe em todas as fases”, afirma Canosa.
O segundo aspecto é fisiológico, relacionado à menopausa. “A resposta sexual se torna diferente: há mais dificuldade para alcançar o orgasmo, para a excitação. É aí que a medicina pode ser uma grande aliada. Lubrificantes, vibradores e tratamentos médicos e estéticos contribuem muito para o bem-estar sexual”, diz a especialista.
👩🦳Envelhecer com leveza
Para muitas pessoas, a idade não passa de um número, apesar do preconceito relacionado à idade — o etarismo — ser uma forma de discriminação que afeta muitas mulheres em diferentes aspectos da vida.
Em março, a atriz Claudia Ohana, que completou 62 anos em fevereiro, caminhou pela Avenida Paulista, em São Paulo, carregando um cartaz com uma mensagem que dizia: “Nós não estamos velhas aos 62.”
Após publicar o vídeo nas redes sociais, ela recebeu o apoio dos seguidores. “Idade é apenas um número, estou no mesmo bloco que você, Cláudia Maravilhosa!”, comentou uma internauta.
“Motivação para as mulheres! Infelizmente no Brasil, o preconceito com a idade é muito forte”, escreveu outra. “Amei, até repostei. Tenho 69 e não estou velha”, postou outra.
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