A descoberta do esquema bilionário de descontos indevidos em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi o tema mais discutido em grupos públicos de aplicativos de mensagens, superando a repercussão de outros assuntos de grande impacto político, como a saúde do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a crise do Pix e o projeto de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro.
Os dados são de uma pesquisa da Quaest, realizada entre 21 de abril e 7 de maio, que estimam um alcance médio diário de 818 mil pessoas com mensagens sobre o caso do INSS.
Durante esse período, foram registradas cerca de 3,6 milhões de mensagens relacionadas ao escândalo em 30 mil grupos públicos monitorados pela plataforma QInsider, desenvolvida pela consultoria.
No dia 23 de abril, a Polícia Federal e a CGU deflagraram a Operação Sem Desconto, que revelou um esquema que pode ter desviado até R$ 5,9 bilhões, segundo estimativa mais recente, de aposentadorias e pensões entre 2019 e 2024.
“Mesmo após semanas desde a deflagração da Operação Sem Desconto, o escândalo envolvendo o INSS continua sendo um dos temas políticos mais discutidos nos grupos monitorados pelo QInsider, plataforma de monitoramento de grupos de mensageria da Quaest”, afrima a pesquisa.
De acordo com as investigações, foram identificados descontos associativos em aposentadorias e pensões que não foram autorizados. Os valores são pagos mensalmente a entidades e sindicatos que representam os aposentados e pensionistas.
Segundo o levantamento, o tema teve picos de repercussão em três momentos específicos:
- na deflagração da Operação Sem Desconto, no dia 23 de abril;
- na divulgação do relatório da Polícia Federal, em 29 de abril; e
- no dia 6 de maio, após a publicação de um vídeo pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) atribuindo a responsabilidade do caso ao governo Lula.
Crise do PIX
A pesquisa também comparou a repercussão do escândalo com a crise do Pix, que ocorreu no início do ano, após o governo anunciar uma medida da Receita Federal sobre o monitoramento das movimentações financeiras. A medida gerou uma repercussão negativa, acompanhada por uma onda de notícias falsas que afirmavam que o governo taxaria o Pix. Diante disso, o governo decidiu revogar a medida.
Segundo a Quaest, nos primeiros 15 dias após a deflagração da Operação Sem Desconto, o escândalo do INSS gerou 2,6 vezes mais mensagens nos grupos monitorados do que o episódio envolvendo o Pix.
O deputado Nikolas Ferreira publicou vídeos em suas redes sociais durante as duas crises recentes enfrentadas pelo governo federal. Ambos os conteúdos alcançaram milhões de visualizações, mas o vídeo sobre as fraudes do INSS teve uma repercussão maior.
De acordo com a pesquisa da Quaest, nos dois primeiros dias após a publicação, o vídeo relacionado à fraude no INSS gerou 108% mais menções em grupos públicos de aplicativos de mensagens do que o conteúdo sobre a crise do Pix, divulgado em janeiro deste ano.
Mensagens críticas ao governo
A pesquisa também analisou o teor das mensagens e constatou um cenário amplamente negativo para o governo.
De acordo com o modelo de análise de sentimentos aplicado pela Quaest, 50% das mensagens eram críticas diretas, 47% consistiam na simples disseminação de notícias sobre o caso e apenas 3% traziam defesas do governo.
Os dados reforçam a percepção de que o escândalo envolvendo o INSS se tornou um dos temas políticos mais sensíveis e mobilizadores do ano nas redes.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Fraude no INSS superou crise do Pix e saúde de Bolsonaro, aponta pesquisa no site CNN Brasil.