
Kaue de Jesus Nery dos Santos teve contato com o veneno enquanto trabalhava no bananal em Jacupiranga (SP). A Polícia Civil investiga o caso como maus-tratos. Kaue de Jesus Nery dos Santos (à dir.) e a irmã Kauane de Jesus Santos (à esq.)
Reprodução/TV Tribuna
A família de Kaue de Jesus Nery dos Santos, o adolescente de 15 anos que morreu dias depois de ter contato com um veneno, não sabia que ele manuseava produtos químicos em um bananal, em Jacupiranga, no interior de São Paulo. A Polícia Civil investiga o caso como maus-tratos.
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Kaue estava internado no Hospital Regional de Registro (SP) e morreu por volta das 4h de domingo (11). A causa da morte ainda não foi divulgada à equipe de reportagem, mas há suspeita de envenenamento.
Em entrevista à TV Tribuna, afiliada da Globo, a irmã do jovem, Kauane de Jesus Santos, contou que o parente trabalhava no bananal de um sítio, localizado no bairro Guaraú, porque queria ter o próprio dinheiro. Ela garantiu que a família acreditava que ele apenas carregava bananas no serviço.
“Nós nunca imaginávamos que ele ia jogar veneno porque nós mesmos não íamos deixar, se nós soubéssemos disso. Deus me livre”, afirmou a irmã. “Para nós, ele ia trabalhar, tirava foto carregando banana porque todo jovem quer ter seu dinheiro, quer trabalhar, quer ter suas coisinhas”.
Por meio de nota, o Conselho Tutelar informou que orientou os familiares sobre os riscos do trabalho infantil e os encaminharam à rede de apoio social. “Reiteramos o nosso compromisso de zelar pelo bem-estar e pelos direitos das crianças e adolescentes envolvidos”, destacou a instituição.
O órgão também encaminhou a notícia ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) e vai formalizar uma denúncia ao Ministério Público do Trabalho (MPT), com o objetivo de que os órgãos competentes atuem com máxima seriedade e zelo no caso.
Despedida
Velório de Kaue de Jesus Nery dos Santos foi realizado no Cemitério do Largo da Saudade, no Centro de Jacupiranga, SP
Reprodução/TV Tribuna
O adolescente morava com a família no bairro Guaraú, na zona rural de Jacupiranga. O enterro foi realizado no Cemitério do Largo da Saudade, localizado no Centro da cidade, nesta segunda-feira (12).
Amanda Kelly dos Santos é prima do Kauê e lamentou a perda: “Ele era muito amoroso. Então, quando falaram para nós que ele tinha falecido, foi uma notícia muito triste”.
O caso
Conforme relatado no boletim de ocorrência, o irmão do adolescente conversou com o serviço social do Hospital Regional de Registro e explicou que Kaue trabalhou no bananal em um dia que era feriado e não havia aula. O jovem não soube informar a data exata.
Ainda segundo o registro policial, o irmão afirmou aos profissionais de saúde que Kaue utilizava defensivos [produtos químicos, biológicos ou físicos usados para proteger a produção agrícola] “quando inalou veneno”. Não há detalhes sobre as substâncias manipuladas pelo adolescente.
De acordo com o BO, o menino ficou alguns dias com sintomas leves, mas precisou ser levado ao serviço de emergência de Jacupiranga, na terça-feira (6). Em seguida, ele foi encaminhado ao Hospital Regional de Registro, que constatou que “o adolescente realizava trabalho infantil manipulando veneno em bananal”.
A unidade de saúde registrou a ocorrência pela Delegacia Eletrônica e acionou o Conselho Tutelar. Conforme apurado pelo g1, o caso é investigado como maus-tratos pelo 2º Distrito Policial (DP) de Jacupiranga.
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