Há cerca de um ano, Santa Catarina deu um passo importante na preservação e valorização de suas tradições alimentares ao oficializar o registro da “carne na lata” – iguaria típica do interior do Estado, cuja origem remonta a tempos anteriores à popularização das geladeiras. O produto foi reconhecido pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), por meio do Serviço de Inspeção Estadual (SIE), reforçando o compromisso com a cultura, a segurança alimentar e o fortalecimento da agroindústria familiar.
O pioneirismo coube à agroindústria Carnes Arvoredo Ltda., sediada em Xanxerê, no Oeste catarinense. Registrada sob o número SIE 416, a empresa foi a primeira a obter autorização oficial para comercializar a tradicional carne suína temperada, cozida e conservada em gordura — agora com garantia sanitária e respaldo técnico. O processo contou com a análise da Coordenação de Produtos Cárneos da Cidasc.
Roberto Carlos Meneguzzi, sócio da Carnes Arvoredo, destacou o orgulho de ver o produto da infância reconhecido oficialmente. “Este produto faz parte da nossa história. Quando criança, a ‘carne na lata’ era sempre servida em casa. Resgatá-la é uma forma de homenagear meus pais e levar ao consumidor um sabor que remete à infância, com praticidade e qualidade”, disse.
Para a presidente da Cidasc, Celles Regina de Matos, o reconhecimento da iguaria vai além da legalização sanitária. “Ao garantir que produtos como a ‘carne na lata’ cheguem ao consumidor com qualidade e segurança, fortalecemos não apenas a economia local, mas também a identidade cultural do nosso Estado”, destacou.

Tradição, sabor e conservação ancestral
A “carne na lata” é preparada com pernil suíno desossado, que é cozido lentamente em sua própria gordura até atingir o ponto ideal. Em seguida, a carne é colocada em latas metálicas e coberta com a gordura quente, formando uma barreira natural contra microrganismos e dispensando refrigeração. A técnica é similar ao confit, método francês tradicional, e garante sabor intenso e longa durabilidade ao produto.
No Brasil, essa forma de conservação se popularizou nas zonas rurais, especialmente em Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina, sendo usada por gerações como solução prática para o armazenamento de alimentos em tempos sem eletricidade.
Registros históricos mostram que a prática foi trazida por colonizadores europeus, mas há também indícios de que técnicas semelhantes já existiam entre povos indígenas, como a mixira, tradicional da Amazônia, que utiliza gordura como agente conservante.
Atenção ao selo de inspeção
Para garantir a segurança alimentar, é essencial que o consumidor verifique se produtos de origem animal possuem o Selo de Inspeção — que pode ser emitido em nível municipal (SIM), estadual (SIE) ou federal (SIF). Esse selo assegura que o alimento passou por rigorosa inspeção sanitária e atende às normas da legislação vigente, oferecendo qualidade, procedência e segurança ao consumidor final.
Com informações da Cidasc
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