Chegou ao segundo dia nesta quarta-feira (14) o julgamento de David da Silva Lemos, de 31 anos, acusado de matar os quatro filhos, com idades entre 3 e 11 anos, em 2022, em Alvorada, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Yasmin de 11 anos, Donavan de 8 anos, Giovanna de 6 e Kimberlly de 3 foram encontrados mortos dentro da casa da avó paterna, no Bairro Piratini. Três crianças apresentavam marcas de facadas e uma tinha sinais de asfixia.
Conforme a denúncia apresentada pelo Ministério Público, o denunciado cometeu “homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, ao utilizar a morte dos filhos como instrumento de sofrimento à ex-companheira; por meio cruel, desferindo múltiplos golpes de arma branca nas vítimas, causando-lhes extenso sofrimento; e por asfixia, no caso da filha mais nova, de três anos”.
Nesta terça-feira (13), houve o depoimento de oito testemunhas, entre elas, a mãe das crianças, os avós e o delegado que realizou as primeiras investigações do caso.
De acordo com o delegado, as vítimas foram mortas, uma a uma, enquanto iam sendo colocadas pelo pai para dormir. Em depoimento à polícia, o réu teria justificado que matou as crianças por causa de brigas com a ex-companheira, que supostamente traía ele.
Três crianças foram encontradas em um quarto da casa, deitadas nas camas. A arma utilizada no crime teria sido uma faca, que foi encontrada no local pelos policiais. A quarta vítima, a filha mais nova, foi localizada em outro cômodo, asfixiada. Na ocasião, David confessou que teria agido sozinho.
Durante o julgamento, a mãe das crianças, de 28 anos, disse que ficou “sem chão” com a perda dos filhos. Ao longo de 11 anos de relacionamento, segundo ela, David era possessivo e ciumento. Disse também que sentia medo dele, e temia que ele fizesse ela perder um dos empregos.
O motivo da separação do casal foi uma agressão física, que aconteceu três meses antes do crime. Na ocasião, foi concedida medida protetiva de urgência a ela, mas, posteriormente, eles voltaram a ficar juntos. “Mas eu fiz isso por medo”, afirmou em depoimento. Para ela, o uso de drogas por parte do réu piorou a situação entre eles.
No fim de semana do crime, as crianças teriam ido com o pai para a casa da avó paterna. Como as crianças não retornaram para casa na segunda-feira, conforme combinado, a mãe e David discutiram. Chegaram a marcar um encontro para que o acusado entregasse as crianças, o que não aconteceu. A demora no retorno aumentou a preocupação. “Mas eu jamais imaginei que ele tivesse feito o que fez”, afirmou a mulher.
A mãe disse que conversou com a ex-sogra por telefone, na terça-feira, que pediu para ela ir buscar as crianças. Chegando lá, a mãe soube das mortes. “Eu só queria que os meus filhos saíssem lá de dentro e fossem embora comigo. E não foi isso que aconteceu”.
Segundo o Ministério Público, o julgamento pode durar de três a quatro dias.
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