Homem trans denuncia preconceito ao ser barrado de banheiro masculino em festival: ‘constrangedor’; VÍDEO


Luan Palermo estava comemorando aniversário de 37 anos no evento. Caso ocorreu em Santos, no litoral de São Paulo. Homem trans denuncia preconceito ao ser barrado de banheiro masculino em festival
Um homem transexual diz ter sofrido preconceito ao ser repreendido por um segurança por tentar usar o banheiro masculino do Santos Jazz Festival, em Santos, no litoral de São Paulo. Segundo Luan Palermo, o profissional afirmou que a organização do evento não permitia “mulheres que querem se passar por homem”. Imagens obtidas pelo g1 mostram a confusão que ocorreu na porta do banheiro (assista acima).
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A 12ª edição do Santos Jazz Festival aconteceu no Arcos do Valongo, no Centro de Santos. Ao g1, Luan contou que foi ao evento na sexta-feira (26) para celebrar o aniversário de 37 anos, mas saiu de lá com sentimentos de indignação e humilhação.
De acordo com Luan, ele foi ao festival com a companheira para assistir aos shows. Tudo estava correndo bem até que ele precisou usar o banheiro e foi barrado pelo segurança, mesmo após se identificar como uma pessoa transexual.
“Ele disse que não, que recebeu ordens da coordenação do evento para não permitir que isso acontecesse. Eu perguntei ‘isso o quê?’. E ele disse: ‘mulheres que querem se passar por homem’. Foram exatamente essas palavras”, relembrou.
Luan Palermo ficou revoltado após ser barrado de banheiro do Santos Jazz Festival
Arquivo Pessoal
Luan chegou a dizer que tinha o direito por lei, mas isso não foi suficiente e eles começaram uma discussão. “Deu uma certa confusão porque acabei me exaltando. Eu só queria fazer o uso do banheiro igual uma pessoa comum e não me foi permitido”, lamentou.
Após argumentar com o segurança, o morador de Santos desistiu de usar o sanitário e acabou indo até um banheiro químico em um espaço onde não havia seguranças.
“É muito constrangedor você querer fazer uma necessidade fisiológica básica, que para qualquer pessoa cisgênero [quem se identifica com o gênero que foi atribuído quando nasceu] seria tão simples, mas para nós se torna um pesadelo”, afirmou Luan.
Em seguida, ele conta que foi surpreendido por uma mulher que se apresentou como representante da Secretaria de Cultura de Santos. “[Ela] disse que eu tinha sido uma ordem dela, que realmente não era para acontecer esse tipo de coisa. Que outras mulheres podiam ver e gostariam também de usar o banheiro”, contou Luan.
Segundo ele, a mulher ainda relatou que casos parecidos ocorreram em outras edições do festival. “Então, não é uma novidade para o evento que eles tinham uma necessidade de ter um banheiro unissex ou separado para as pessoas trans. Algo que pudesse acolher, afinal, é uma comunidade que existe. Estamos aí ocupando os espaços também”.
Repercussão
Indignado com o episódio, Luan registrou um boletim de ocorrência sobre o caso e compartilhou o vídeo do segurança nas redes sociais. “Já estou tomando as medidas legais, jurídicas e administrativas também”.
De acordo com ele, duas pessoas da organização do festival entraram em contato para falar sobre o ocorrido, mas demonstraram mais preocupação com a repercussão do caso do que com o que de fato aconteceu. “A discussão não é sobre sensacionalismo e sim sobre busca de direitos”, argumentou.
“Ações legais tem que ser tomadas e já estão sendo para que não seja jogado por debaixo do tapete […]. Essa é a minha luta agora”, finalizou Luan.
Posicionamento
Em nota, a Prefeitura de Santos informou que “repudia todo e qualquer ato de preconceito contra identidade de gênero e esclarece que não tem ingerência acerca da organização e contratação de seguranças para o festival, que é um evento privado e ocorre em local particular”.
Segundo a administração municipal, o evento é apoiado pela Secretaria de Cultura, iniciativa privada e pelo poder legislativo, por meio de emendas de vereadores.
“A Secult também destaca que, em nenhum momento, partiu qualquer ordem da secretária de Cultura que impedisse o uso dos sanitários, fato já esclarecido pelos organizadores do evento”.
Em nota publicada nas redes sociais, o Santos Jazz afirmou que é um festival que sempre prezou pelo respeito à diversidade, “condenando todo e qualquer tipo de manifestação preconceituosa e discriminatória”.
“Desde já queremos pedir desculpas ao Luan Palermo por essa experiência. Não cabem justificativas: essa não é uma atitude que faz parte do DNA do evento. Estamos apurando todos os detalhes do ocorrido, visando reparar e reorientar nosso time para que situações como essa não ocorram novamente”.
Ainda no posicionamento, o festival informou que espera que Luan volte ao evento para ser tratado com respeito, dignidade, alegria e acolhimento.
ConLGBT
O Conselho Municipal de Políticas LGBT+ de Santos também se pronunciou por meio de nota nas redes sociais se solidarizando com Luan e pedindo para a população denunciar qualquer ato de violência.
“Estamos acompanhando de perto o caso e já nos colocamos à disposição da vítima para toda a averiguação necessária. Além disso, solicitamos à organização do evento que trate o assunto com a devida seriedade. Este conselho jamais tolerará qualquer ato de LGBTfobia, seja em eventos ou não. Continuaremos avançando a cada dia em nossa luta para a construção de uma Santos mais diversa e melhor para todas as pessoas”.
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