
Jeniffer e Julio, do Paraná, ficaram na fila de adoção o mesmo tempo que crianças ficaram em abrigo. Casal utiliza as redes sociais para conscientizar sobre adoção. Casal entra na fila da adoção em busca de dois filhos e acaba adotando cinco irmãos
A pedagoga Jeniffer Aparecida Amaral Souza de Oliveira e o consultor financeiro Julio Cesar Soares de Oliveira sempre sonharam em ter filhos. Após passarem anos tentando engravidar, eles decidiram entrar na fila da adoção em busca de duas crianças, entre 0 e 7 anos.
A busca pela família que os dois imaginavam, no entanto, mudou de figura quando eles conheceram cinco irmãos e não quiseram separá-los. Para o casal, a escolha foi fácil – e emocionante, já que eles se sentiram conectados às crianças assim que receberam o contato da equipe técnica questionando se queriam adotá-las.
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“Há crianças que são consideradas ‘inadotáveis’. São aquelas com deficiência, as mais velhas, adolescentes e os grupos de irmãos. […] Eles ficaram no abrigo esperando e ficaram esperando por nós! A gente tem certeza disso porque eles também oravam pelos pais, e oravam pra não serem separados”, afirma.
Jeniffer e Julio adotaram cinco irmãos
Cedida pela família
Moradores de Telêmaco Borba, nos Campos Gerais do Paraná, Jeniffer e Julio passaram 17 anos sonhando em ter filhos.
Eles foram chamados para conhecer os cinco irmãos em fevereiro de 2023 e o processo de adoção foi concluído pouco depois.
Ao todo, passaram sete meses na fila de habilitação e mais um ano e dois meses na fila de adoção. De acordo com eles, coincidentemente, o tempo deles na fila foi o mesmo tempo que as crianças ficaram no abrigo esperando por uma família.
“Nós estávamos em 11º lugar na fila da adoção. E normalmente eles vão ligando em ordem para as pessoas de acordo com o perfil, só que como era um grupo de cinco irmãos, é um perfil específico que não tem no Brasil quem esteja com esse perfil aberto dessa forma. Ligaram pra 10 casais antes de nós, que disseram que não queriam adotá-los”, lembra a mãe.
Jeniffer destaca que quando grupos de irmãos ficam muito tempo na fila de adoção, costumam ser separados e adotados por famílias diferentes – o que estava prestes a acontecer com as crianças acolhidas por ela e pelo marido.
“Eu quase morri de emoção de tanto chorar porque eu sabia que era Deus respondendo, e eu sabia que eram os nossos filhos. Eu tinha certeza absoluta que eram os nossos filhos”, lembra Jeniffer.
Como não poderia deixar de ser, a adoção dos cinco irmãos foi acompanhada de desafios, como a adaptação de crianças e adolescentes de idades diferentes em um ambiente totalmente novo e a adequação dos tamanhos da casa, que foi ampliada, e do carro, que foi trocado por um de sete lugares.
Houve, também, descobertas. O comportamento de uma das crianças adotadas fez os pais descobrirem o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) no menino, e identificarem neles próprios ações similares às do filho. Jeniffer e Julio procuraram um especialista e, após análises, descobriram que também estão no TEA. Saiba mais abaixo.
Navegue nesta reportagem:
💖Amor – e nome – de família
👨👩👧👦 Família não ‘se desgruda’ desde o primeiro encontro
🧩 Casal descobriu ser autista após diagnóstico de uma das crianças
💖Amor – e nome – de família
Passados dois anos da adoção, atualmente Jeniffer tem 41 anos e Julio, 39. Os filhos têm idades entre 3 e 14 anos. Todos receberam os sobrenomes do pai e da mãe, Souza de Oliveira, e também o amor da nova família.
“Desde que eu decidi pela adoção eu já a entendi como filiação real, como paternidade real, como família real, mesmo. Eu já não diferenciava mais a adoção da via biológica. […] Tem muitos filhos esperando em abrigos, esperando a sua família… E é tão bom encontrar a sua família! Eu não consigo nem imaginar a gente sem eles, agora”, afirma Jeniffer.
Julio concorda e afirma que a família passar de dois integrantes para sete é algo muito melhor e maior do que ele sonhava.
“Eu acho que é muito mais do que a gente imaginava. O desafio foi muito maior do que a gente imaginava, e o sonho foi muito maior do que a gente imaginava”, diz o pai.
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👨👩👧👦 Família não ‘se desgruda’ desde o primeiro encontro
Pais sentiram conexão com filhos adotivos desde primeiro encontro, no abrigo
Jeniffer e Julio conheceram os filhos em fevereiro de 2023, após aceitarem conhecer as crianças e irem visitá-las no abrigo.
Para o primeiro encontro, o casal planejou brincadeiras e se preparou para “conquistá-las”.
“É indescritível a sensação. E foi tão legal, porque a gente interagiu muito bem desde esse primeiro contato. Foi muito gostoso! A gente estava com tanto medo e eles nos acolheram tão bem, mas tão bem, que a gente não esperava por aquilo. Parecia que a gente já tinha essa ligação né? Então foi incrível”, afirmam.
Eles contam que, desde então, a família nunca mais “se desgrudou”.
“A partir daquele dia, nós passamos a visitá-los todos os dias. Todos os dias a gente se viu, e até hoje é todos os dias. Esse processo de aproximação foi muito rápido, durou um mês. As cuidadoras e a equipe técnica se surpreenderam muito, porque eles se vincularam muito rápido com a gente, a gente se vinculou muito rápido com eles. Então aconteceu que em um mês eles já perguntaram pra gente: Vocês querem levar já pra ficar na casa de vocês? Primeiro eles vieram nos finais de semana, dois finais de semana, e depois eles já vieram pra ficar”, lembra o casal.
🧩 Casal descobriu ser autista após diagnóstico de uma das crianças
Jeniffer e Julio adotaram cinco irmãos
Cedida pela família
“Somos 7… três autistas com laudo e mais três filhos em investigação”.
Essa é uma das frases com a qual o casal se apresenta nas redes sociais, em perfis criados por eles para o compartilhamento das próprias experiências e abordagem do tema adoção.
Um dos perfis é voltado ao diagnóstico do autismo, descoberto nos pais após testes feitos em um dos filhos.
“Um deles chegou pra gente tomando medicação, por alguns comportamentos que ele tinha, mas com a esperança de que isso poderia ser revertido com o suporte de uma família. Em três meses ele parou, mas nós e a equipe da escola percebemos alguns comportamentos que demandavam uma investigação médica – e eu reparava que muita coisa, muitos comportamentos dele eram muito parecidos com os meus”, lembra Jeniffer.
Após o diagnóstico do autismo no menino, Jeniffer e Julio também passaram por consultas e descobriram ter TEA. Agora, as outras crianças estão passando pelo mesmo processo para a família entender melhor de que forma lidar com os desafios enfrentados no dia a dia.
Jeniffer e Julio adotaram cinco irmãos
Cedida pelo casal
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