A investigação sobre o contrato de patrocínio entre Corinthians e VaideBet, que apura suspeitas de lavagem de dinheiro e ligação com o crime organizado, rastreou o caminho dos recursos pagos em comissão pelo acordo. A Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro, com a quebra de sigilos bancários, revelou contas pelas quais circularam R$ 1,4 milhão.
Esse dinheiro, pago em comissão pelo patrocínio, teria chegado a uma conta denunciada ao Ministério Público pelo empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach. Gritzbach foi um delator do PCC.
A investigação detalha que os valores, desviados em duas remessas de R$ 700 mil em março de 2024, foram transferidos para a conta da Rede Social Media Design, empresa de Alex Cassundé. A empresa de Cassundé, por sua vez, realizou dois repasses para a Neoway Soluções Integradas.
Ainda em março do ano passado, a Neoway transferiu cerca de R$ 1 milhão para a Wave Intermediações Tecnológicas, que fez mais três transferências para a UJ Football Talent Intermediação, totalizando cerca de R$ 870 mil.
Foi justamente a UJ Football Talent Intermediação que foi citada por Antonio Vinicius Lopes Gritzbach em delação feita a promotores de Justiça.
Gritzbach afirmou em sua delação que a UJ seria informalmente controlada por Danilo Lima, conhecido como “Tripa”. Danilo Lima é apontado como integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC). Gritzbach morreu em 8 de novembro de 2024 no Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Outro lado
Em nota à CNN, a defesa de Alex Cassundé afimou que o mesmo afirma categoricamente que teve sim contato com a VaideBet, e que sempre teve a melhor e mais cristalina conduta. De acordo com a defesa, documentos mostram o caminho que ele usou para chegar até a VaideBet. “Documentos sobre isso foram oportunamente juntados ao processo e são corroborados com as oitivas”, diz a defesa, que completa que Cassundé manteve contato constante com assessores do clube.
A defesa afirma que Cassundé não tem informação sobre outros intermediários, pois a empresa dele foi a escolhida, após critérios internos do clube, uma vez que já havia participado de outras campanhas do clube.
“Os repasses são objeto da investigação no inquérito e não podemos dar mais detalhes além do que já é de conhecimento”, conclui a nota.
Em nota nas redes sociais, o Corinthians afirmou que, até o momento, não há qualquer demonstração de autoria relacionada aos fatos mencionados.
“O presidente do Clube reafirma seu total apoio às investigações em andamento, bem como a todas as iniciativas que visem apurar eventuais envolvimentos do crime organizado no futebol brasileiro. O Corinthians destaca que é vítima das circunstâncias investigadas e reforça que não possui controle sobre o que terceiros fazem com valores recebidos em decorrência de contratos firmados. O Clube cumpre rigorosamente todas as suas obrigações legais e contratuais, prezando pela transparência e integridade em suas operações. O Corinthians reitera seu compromisso com a transparência, a responsabilidade e a justiça no esporte, apoiando todas as medidas necessárias para garantir a lisura das competições e combater práticas ilícitas no futebol”, completa a nota do clube.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Corinthians e VaideBet: delator do PCC falou sobre empresa investigada no site CNN Brasil.