Responsável por conectar as discussões governamentais com empresas, ONGs, universidades e atores da sociedade civil, Dan Ioschpe – Campeão de Alto Nível da COP30 – vê o setor privado cada vez mais engajado e presente nas discussões sobre soluções sustentáveis.
Dan afirmou, em entrevista à CNN, que as empresas têm uma “série de alternativas, rotas tecnológicas e escala para fazer os processos acontecerem”. A iniciativa privada é fundamental nos esforços para o cumprimento do Acordo de Paris, que propõe um limite do aumento médio da temperatura da Terra. Os combustíveis fósseis contribuem para a emissão de gases do efeito estufa.
Na COP30, um dos objetivos é que os países desenvolvidos aumentem as contribuições do financiamento climático. O valor, apontado como necessário, é de US$ 1,3 trilhão. Uma meta ambiciosa, já que as nações se comprometeram até agora com US$ 300 bilhões até 2035 para ajudar os países que mais sofrem com os impactos ambientais.
Para Dan Ioschpe, as empresas também podem ter papel decisivo ao “alterar a rota de desenvolvimento socioeconômico do Brasil com base na sustentabilidade”.
Quais são os caminhos para conseguir de fato alcançar o financiamento trilionário, necessário para reverter os impactos das mudanças climáticas e preparar os países para eventos futuros?
Os países membros da COP estão trabalhando para buscar essa rota dos 300 bilhões, para o “um ponto alguma coisa” trilhão de dólares para que a gente tenha a maior robustez nesse processo. Mas do lado da sociedade não governamental – e é aí que está focada a minha ação – nós estamos encontrando, ao longo do tempo, várias alternativas baseadas em projetos. Esse parece ser o melhor caminho.
O projeto Florestal, projeto da biomassa, o projeto do biocombustível e por aí vai. Tem também os projetos de adaptação e resiliência. Cada um acabará encontrando um caminho mais dedicado para a sua resolução.
Na prática, na sua visão, como deverá ser a dinâmica do financiamento para resultar em ações concretas?
Obviamente, quando a gente acelera esses projetos eles vão ganhando economicidade. Aqueles que podem ganhar economicidade vão deixando recursos disponíveis para outros projetos que estão precisando ser acelerados.
Então essa parece ser a melhor dinâmica para coexistir com esse esforço dos países – e que é muito bem-vindo – mas que a gente precisa também encontrar fórmulas criativas e alternativas diversificadas de financiamento através de diversas formas de aporte.
E qual a importância específica do setor privado para a COP30?
Fundamental. O setor privado é uma parte muito ativa da sociedade não governamental e a rota para que a gente atinja os objetivos lá do Acordo de Paris passam pela sociedade não governamental e, essencialmente, pelo mundo dos negócios, pelas empresas, que têm uma série de alternativas, rotas tecnológicas e escala para fazer os processos acontecerem – e ajudar a todos na mitigação e também na adaptação e na resiliência para enfrentar a mudança climática.
Você sente o setor privado brasileiro envolvido e engajado na COP30?
Cada vez mais. Eu acho que já vem de COPs anteriores, né? Cada vez mais as empresas e o setor privado brasileiro estão presentes. Mas, eu acho que o que a gente está vendo é que a potencialidade do Brasil é diferente. Essa é uma realidade, os estudos mostram e os setores todos estão conseguindo ver isso cada vez mais.
Nós podemos fazer muito bem para o mundo e muito bem para o nosso país. Nós podemos alterar a rota de desenvolvimento socioeconômico do Brasil com base na sustentabilidade, e o mundo precisa disso. E isso altera o produto das nossas empresas, a qualidade de vida de todos e o sucesso para todos. Então eu acho que essas questões estão razoavelmente se casando para o bem do nosso processo aqui.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Acordo de Paris depende de empresas, diz Campeão do Clima da COP30 no site CNN Brasil.