O grupo de governos cujos títulos recebem a nota de crédito mais alta ficou menor, depois que os Estados Unidos tiveram sua recomendação rebaixada pela agência Moody’s.
Na sexta-feira (16), a agência rebaixou a nota dos EUA em um degrau, de “Aaa” para “Aa1”, citando o aumento da dívida e dos juros e refletindo a preocupação crescente com o aumento da dívida nas grandes economias.
Veja a seguir o que está em jogo:
Recomendação Aaa e sua importância
Tudo se resume a dinheiro. A nota de crédito é um guia que indica o risco que a compra de dívidas representa para os possíveis investidores.
Agências independentes examinam as métricas de um possível vendedor de títulos para avaliar sua capacidade de crédito e determinar a probabilidade de esse emissor não pagar sua dívida.
O rebaixamento destaca a crescente preocupação com a trajetória fiscal dos EUA e levou a uma certa pressão de alta nos rendimentos dos títulos de longo prazo, mas analistas não esperam uma venda acentuada dos ativos dos EUA.
O impacto sobre a forma como os bancos usam os títulos do governo, por exemplo, como garantia, não deve ser significativamente afetado, acrescentam.
Entretanto, os rebaixamentos de ratings podem ser simbólicos, como foram durante a crise financeira global e a crise da dívida da zona do euro.
O rebaixamento dos EUA é potencialmente mais significativo porque já aumentou a preocupação com a política comercial norte-americana e com o status do dólar como moeda de reserva global.
Governos que têm agora uma nota de crédito “Aaa”
O clube do “Aaa” vem diminuindo há anos. Com a perda da última nota “Aaa” remanescente pelos EUA, o grupo de países com as classificações mais altas das três maiores agências é de 11, contra mais de 15 antes da crise financeira de 2007–2008.
Suas economias representam um pouco mais de 10% da produção global total.
Na Europa, a Alemanha, a Suíça e a Holanda são as maiores economias com a nota mais alta.
Em outros lugares, Canadá, Cingapura e Austrália estão na lista.
Nota dos EUA
Os EUA ainda têm a segunda nota mais alta, “Aa1”.
A Moody’s foi a última das três grandes agências, depois da S&P Global e da Fitch, a rebaixar a recomendação dos EUA, a única vez que o fez desde 1949.
A S&P foi a primeira agência a cortar, em 2011, pela primeira vez desde que concedeu aos EUA sua recomendação “Aaa” em 1941. A Fitch veio em seguida, em 2023.
Por que as grandes economias estão sendo rebaixadas?
O aumento da dívida pública e a preocupação de que não está sendo feito o suficiente para resolver os problemas fiscais de longo prazo têm levado aos rebaixamentos.
O governo dos EUA, por exemplo, gastou mais dinheiro do que arrecadou todos os anos desde 2001, levando a déficits orçamentários anuais e a uma dívida de cerca de US$ 36 trilhões.
O governo gastou US$ 881 bilhões em pagamentos de juros no ano fiscal mais recente, mais do que o triplo do valor gasto em 2017. Os custos de empréstimos excedem os gastos com defesa.
Outras grandes economias também enfrentam o aumento das dívidas devido ao envelhecimento da população, às mudanças climáticas e às necessidades de gastos com defesa. O Reino Unido tem uma relação dívida/PIB próxima de 100% e a do Japão está acima de 250%.
O que é uma agência de classificação de risco
Uma agência de classificação de risco avalia a qualidade de crédito de um emissor — que pode ser um país ou uma empresa — e atribui uma nota de crédito aos títulos que ele emite.
Normalmente, os ratings usam um sistema de letras que vai de Aaa, para emissores efetivamente livres de risco, a D, para um emissor ativamente inadimplente.
Quanto mais alta a recomendação de crédito, menor o prêmio que os investidores exigem para manter esses títulos e, portanto, menor a taxa de juros que o emissor paga sobre essa dívida.
As agências avaliam fatores que incluem dívidas, projeções de crescimento econômico e a força de instituições independentes.
Tradicionalmente, as três principais agências de classificação de risco — Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch — dominam o mercado. Outras, incluindo a Morningstar, a DBRS e a Scope, ganharam mais destaque na última década.
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Este conteúdo foi originalmente publicado em Clube dos países com nota de crédito “Aaa” está diminuindo; entenda no site CNN Brasil.