Vídeo de mãe de bebê reborn pedindo atendimento no SUS é sátira

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Boato – Uma mulher que se identifica como mãe de um bebê reborn afirma ter tido atendimento negado no SUS. Ela aparece amamentando a boneca e agradece políticos que apoiariam a causa.

Análise

Um vídeo que viralizou nos últimos dias tem chamado atenção por seu conteúdo inusitado. Nele, uma mulher se apresenta como mãe de um bebê reborn e afirma que teria procurado atendimento no SUS para sua “filha”, mas que o atendimento foi negado. Enquanto fala à câmera, ela segura o boneco nos braços e simula uma amamentação, fazendo duras críticas à suposta recusa do serviço público de saúde.

No discurso, a mulher cita o vereador Vitor Hugo (MDB-RJ) como autor do projeto que institui o “Dia da Cegonha Reborn”, já aprovado pela Câmara Municipal do Rio e aguardando sanção do prefeito Eduardo Paes. Ela também menciona a deputada federal Rosângela Moro (União Brasil-SP), creditando a ela um projeto que valoriza a dimensão terapêutica das chamadas “mães de bebê reborn”. A cena mistura referências políticas com falas de tom emocional e um desabafo recheado de ironias e provocações. Leia mensagem e transcrição:

Texto: Uma mulher que se identifica como mãe de um bebê reborn afirmou ter tido atendimento negado à sua “filha” em uma unidade do SUS. Em vídeo, ela aparece amamentando a boneca e desabafa sobre o preconceito enfrentado. Ela agradeceu ao vereador Vitor Hugo (AMDB), autor do “Dia da Cegonha Reborn”, aprovado na Câmara Municipal e que aguarda sanção do prefeito Eduardo Paes. A data será celebrada em 4 de setembro. A mulher também mencionou o projeto da deputada Rosângela Mouro, que reconhece o valor terapêutico das mães reborn. “E daí que ela é de silicone? O peito que tu gosta de chupar também não é?”, rebateu.

Transcrição: Eu, sua mãe Riborne, que tive o atendimento da minha filha negado pelo SUS. Mas graças a Deus e alguns políticos sérios desse país, nós, mães de bebês de Riborne, estamos conseguindo lutar contra o preconceito daqueles que ainda tentam nos manter à margem da sociedade. Eu queria agradecer imensamente ao vereador Vitor Hugo do Partido MDB por todo o apoio à nossa luta. Porque é graças a ele que agora nós teremos o dia da sigoinha Riborne, que vai ser todo dia 4 de setembro. A proposta já foi aprovada na Câmara Municipal do Rio e agora só está aguardando a sanção do prefeito Eduardo Paes.

Queria agradecer também o ar do trabalho da deputada Rosângela Muro pelo projeto de lei 2323 -25, que foca na dimensão emocional e terapêutica das mamães de Riborne. Nós mães de bebê e Riborne não podemos ser estigmatizadas de forma vexatória. Nós precisamos de escuta qualificada, nós merecemos respeito a onde estão os pesquisadores desse país, a onde estão os nossos cientistas. Quem vai dizer que eu não sou mãe?

Eu me identifico como mãe de bebê e Riborne preta -sílpã. E daí que ela é de silicone? O peito que tu gosta de chupar também não é? Você também aí minha filha, tá achando ruim me julgando por quê? Eu sei muito bem que você prefere muito mais a sua piroca de silicone com cheirinho de tutti frut, do que o seu marido. A minha filha tem mãe viu, o pai, o pai infelizmente ausente. Ai viu, eu fico nervosa. Quando ela fica nervosa, quando ela fica nervosa ela ora, o amor, tudo bem, toma tequeira mamãe.

Checagem

O vídeo causou surpresa e revolta em parte do público, que acreditou se tratar de um caso real. Diante disso, vamos responder às seguintes perguntas: 1) Uma mãe de bebê reborn tentou atendimento no SUS? 2) Qual é o contexto do vídeo que está circulando? 3) Os projetos de lei citados pedem atendimento para bebês reborn no SUS?

Uma mãe de bebê reborn tentou atendimento no SUS?

Não. A mulher que aparece no vídeo é uma atriz interpretando a personagem “Kika”. A autora da encenação é a criadora de conteúdo Sheraazadde, que utiliza seu perfil no Instagram (veja aqui) para divulgar vídeos satíricos e performáticos. O conteúdo é uma peça de humor e não representa um caso real de tentativa de atendimento no Sistema Único de Saúde. Não há registros ou denúncias oficiais sobre mães de bebês reborn que tenham procurado o SUS com esse tipo de demanda.

Qual é o contexto do vídeo que está circulando?

O vídeo é parte de uma série humorística protagonizada pela personagem “Kika” (perfil aqui), que exagera situações fictícias para fazer críticas sociais em tom cômico. A sátira em questão gerou confusão em quem não reconhece o conteúdo como humorístico (principalmente quando compartilhado sem citar a fonte). A fala da personagem mistura termos técnicos, ironias e provocações com um estilo teatral.

Os projetos de lei citados pedem atendimento para bebês reborn no SUS?

Não. Embora existam projetos reais mencionados no vídeo, eles não têm relação com atendimento médico no SUS para bonecos. O “Dia da Cegonha Reborn”, aprovado na Câmara do Rio, é uma homenagem às artesãs que confeccionam os bebês reborn. Já o projeto da deputada Rosângela Moro, citado de forma distorcida, reconhece o uso terapêutico dos bonecos em contextos como o luto ou apoio psicológico – mas não propõe atendimento para as “crianças reborn” no SUS.

Conclusão

O vídeo da suposta mãe de bebê reborn pedindo atendimento no SUS não retrata um caso real. Trata-se de uma encenação feita por uma atriz que interpreta a personagem “Kika”, usada para fins satíricos. Embora projetos relacionados ao universo reborn existam, nenhum deles trata de atendimento médico para os bonecos no sistema público de saúde.

Fake news ❌

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