PF faz nova operação contra venda ilegal de obras de arte no Rio de Janeiro

A Polícia Federal do Rio de Janeiro deflagrou, nesta quarta-feira (21), a segunda fase da Operação Lóris, que investiga crimes financeiros e lavagem de dinheiro cometidos pelo grupo econômico liderado por Eduardo Monteiro Wanderley, ex-CEO da empresa Petra Gold. Desta vez, o foco da PF é a venda irregular de pelo menos quatro obras de arte que haviam sido apreendidas na primeira etapa da operação, em dezembro de 2023.

Na ocasião, a Justiça Federal determinou o bloqueio de até R$ 300 milhões em bens de Wanderley e autorizou a apreensão de 21 obras de arte localizadas em sua residência, em Botafogo, na zona sul do Rio. No entanto, as peças permaneceram sob sua guarda, sob a condição de depositário fiel, com a obrigação legal de não repassá-las ou vendê-las.

A nova fase da operação foi desencadeada após a PF descobrir que parte dessas obras havia sido negociada ilegalmente, em flagrante descumprimento da medida judicial. Com base na violação, os investigadores obtiveram novo mandado de busca e apreensão, novamente na casa de Wanderley, para localizar outras peças que possam ter sido ocultadas ou também vendidas.

Relembre o caso

A primeira fase da Operação Lóris expôs a atuação irregular da Petra Gold no mercado financeiro. Fundada em 2016, a empresa se destacou oferecendo aplicações em debêntures — títulos de dívida — com promessas de rendimento fixo de até 1,3% ao mês.

A prática, porém, era feita sem autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão responsável por regular esse tipo de investimento no Brasil. Em 2021, a CVM suspendeu a atuação da Petra Gold nesse segmento.

Durante o período de ascensão financeira, Wanderley e seu grupo buscaram associar sua imagem a ações culturais e esportivas. Compraram um teatro no Leblon, patrocinaram os museus de Arte do Rio (MAR) e de Arte Moderna (MAM), além de financiar artistas e esportistas. Para a PF, essas iniciativas também serviam como fachada para legitimar recursos de origem ilícita.

O nome da operação, Lóris, faz alusão ao único primata venenoso conhecido, cuja aparência inofensiva máscara o perigo real — uma metáfora à estratégia do grupo, que prometia segurança e alto rendimento enquanto cometia fraudes financeiras.

Wanderley poderá responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, descumprimento de medida judicial e emissão ilegal de debêntures.. A investigação segue em curso, e novas diligências não estão descartadas.

A CNN tenta contato com a defesa de Eduardo Monteiro Wanderley.

Este conteúdo foi originalmente publicado em PF faz nova operação contra venda ilegal de obras de arte no Rio de Janeiro no site CNN Brasil.

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