Governo cogita manter só fontes de receita em relatório sobre reoneração, mas com ressalvas

O governo federal cogita manter apenas as fontes de compensação no relatório do projeto da reoneração gradual de setores da economia e municípios, sem a inclusão da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) no texto.

Mas precisaria haver um acordo, um comprometimento por parte do Congresso de se aprovar mais compensações no futuro, se o dinheiro das sugestões atuais do Senado não for o suficiente.

“Há um evoluir de acordo para aprovamos um relatório com as fontes e com o que já foi apresentado pelo Ministério da Fazenda, com a exceção da CSLL”, declarou o líder do governo no Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues (PT-AP). “Se até o final do ano a conta não fechar, aí voltamos a debater eventuais novas fontes e reabre o debate sobre a CSLL. Estamos evoluindo neste sentido”.

O Senado já apresentou cerca de 10 sugestões de receita para compensar a desoneração, que vai sendo reduzida de forma gradual até 2027.

Por exemplo:

  • a recuperação de recursos “esquecidos” no sistema financeiro;
  • a renegociação de dívidas de empresas com agências reguladoras;
  • a repatriação de recursos no exterior;
  • a atualização de ativos;
  • e a taxação de compras internacionais.

No entanto, há dúvidas do Ministério da Fazenda se essas compensações realmente dariam conta de cobrir o impacto fiscal.

Por isso, o Ministério da Fazenda propôs o aumento de 1% na CSSL. A medida não foi bem recebida por senadores. Para amenizar a situação, o governo sugeriu a inclusão de um gatilho que condicionaria o aumento da CSSL à compensação das renúncias fiscais.

“Talvez nem precise constar no próprio relatório. Na política, muitas vezes, sempre, a palavra vale mais do que qualquer texto a ser celebrado, a ser aprovado. Acho possível avançarmos nesse sentido”, acrescentou Randolfe.

A matéria é relatada pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). Mais cedo, ele disse que a maior divergência sobre o projeto é a inclusão ou não de um gatilho para o aumento da CSLL.

O projeto estava na pauta da sessão desta tarde, mas foi retirado para que a negociação siga em curso. A expectativa da liderança do governo é que se chegue a um consenso até a semana que vem, até porque o governo precisa enviar o projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) ao Congresso até 31 de agosto com as previsões das fontes de compensação.

Nesta terça-feira (6), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), havia criticado um eventual aumento de impostos agora. A crítica foi dada após ele se reunir com Randolfe, Jaques e com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Governo e Senado discutem MP

Também está na mesa de negociação o eventual envio de uma medida provisória (MP) pelo governo federal com as fontes de compensação para a desoneração. Isso para que já valessem logo pelo fato de MPs terem efeito imediato – embora precisem ser aprovadas pelo Congresso em até 120 dias.

Na avaliação da cúpula do Senado, a iniciativa poderia resolver o impasse. A definição de quais fontes de receita seriam descritas na MP ficaria a cargo do Ministério da Fazenda.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Governo cogita manter só fontes de receita em relatório sobre reoneração, mas com ressalvas no site CNN Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.