PMs são investigados em esquema de resgate de veículos roubados no RJ

Três policiais militares são investigados por participação em um suposto esquema de cobrança de resgate de veículos roubados no Rio de Janeiro. Segundo a Polícia Civil, em menos de um ano, a quadrilha movimentou mais de R$ 11 milhões com a “recuperação” de 1.600 veículos.

Os PMs foram alvos de mandados de busca e apreensão cumpridos em imóveis de alto padrão, como no Recreio dos Bandeirantes e na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, além de endereços na Baixada Fluminense. No total, foram 11 mandados –todos de busca, nenhum de prisão. Foram apreendidos celulares, computadores, armas, veículos e outros materiais.

“A investigação aponta que eles prestavam serviços para empresas de pronta resposta. A continuidade das apurações vai esclarecer até que ponto vai esse envolvimento”, afirmou Mauro Cesar da Silva Junior, titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis.

Em nota, a Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que a Corregedoria acompanha as investigações e instaurou um procedimento interno para apurar os fatos. Dois dos agentes são da ativa e um está na reserva.

De acordo com a Polícia Civil, o esquema beneficiava criminosos de pelo menos duas facções: Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando (TC). Cerca de 80% dos roubos de veículos ocorreram na capital e na Baixada Fluminense. O restante foi registrado em São Gonçalo, na Região Metropolitana, e uma pequena parcela no interior do estado.

“Nunca antes na história da Polícia Civil tivemos uma investigação sobre roubo de veículos com esse viés. O ineditismo está no fato de que cooperativas de proteção veicular utilizam empresas de pronta resposta para resgatar veículos roubados”, explicou o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi.

Como funcionava o esquema

O inquérito revelou que empresas recuperadoras de veículos –conhecidas como “pronta resposta”– contratadas por associações e cooperativas de proteção veicular, negociavam diretamente com traficantes e receptadores o pagamento para devolução dos veículos.

O objetivo era evitar que as associações precisassem indenizar os clientes com base na tabela Fipe. Segundo a polícia, esse modelo fomentou o aumento dos roubos de veículos no segundo semestre do ano passado e nos dois primeiros meses deste ano, especialmente na capital e na Baixada.

Quando um veículo protegido por uma associação era roubado, funcionários dessas empresas de “pronta resposta” acionavam criminosos nas comunidades dominadas por facções para negociar a devolução.

“Para os criminosos, é uma forma rápida, segura e altamente rentável de ganhar dinheiro”, aponta a Polícia Civil.

O negócio também era lucrativo para as empresas. Em média, cada resgate rendia mais de R$ 6.000 –parte destinada ao pagamento do resgate aos criminosos, e o restante, como lucro da empresa.

As investigações continuam para detalhar toda a engrenagem do esquema.

“O tráfico lucrava com esses pagamentos. O cliente, sem saber, ajudava a alimentar uma cadeia criminosa que, por sua vez, aumentava a incidência de roubos. Ele próprio poderia ser a próxima vítima. É, de fato, uma indústria criminosa”, destacou Felipe Curi.

A ação faz parte da Operação Torniquete. Desde setembro de 2024, a força-tarefa já prendeu mais de 520 pessoas e recuperou cerca de R$ 37 milhões em veículos e cargas roubados. As ações também resultaram no bloqueio de mais de R$ 70 milhões em bens e valores.

Este conteúdo foi originalmente publicado em PMs são investigados em esquema de resgate de veículos roubados no RJ no site CNN Brasil.

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