A crise global que vivemos atualmente tem como tema central a representação política, segundo o cientista político José Álvaro Moisés, professor da Universidade de São Paulo (USP). Moisés destaca que as pessoas não se sentem mais representadas pelos sistemas políticos tradicionais, o que abre espaço para alternativas mais radicais.
De acordo com o especialista, esse cenário de insatisfação tem fortalecido a ascensão do extremismo em diversos países. “As pessoas passaram a não se sentir mais representadas. Isso é um terreno que fortalece a possibilidade de outra alternativa como a da extrema direita“, explica Moisés.
Ruptura do consenso pós-guerra
O professor da USP aponta que o mundo vive uma ruptura com o consenso estabelecido após a Segunda Guerra Mundial. Este consenso era baseado na capacidade de diálogo entre forças liberais e parte da esquerda, que permitiu a conquista e consolidação de diversos direitos ao longo de sete décadas.
Moisés ressalta que esse período de estabilidade foi marcado pela presença de várias forças, incluindo o poder econômico, sindicatos e organizações da sociedade civil. No entanto, o cientista político alerta que a extrema direita emergente “passa a não levar em consideração alguns desses direitos conquistados nesse período”.
Um futuro incerto
Apesar de reconhecer a profundidade e a complexidade da atual crise de representação, José Álvaro Moisés admite que é difícil prever o desfecho desse processo. “É uma transição. É difícil dizer em que direção essa transição vai e no que vai terminar, mas eu acho que é preciso reconhecer, não é circunstancial, é mais profundo esse movimento”, conclui o especialista.
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