O Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, emitiu na sexta-feira (23) ordens que exigem que jornalistas tenham escolta oficial em grande parte do prédio do Pentágono, a mais recente de uma série de restrições impostas à imprensa pelo governo Trump.
As medidas, que entram em vigor imediatamente, proíbem repórteres credenciados de acessarem a maior parte da sede do Departamento de Defesa em Arlington, Virgínia, a menos que tenham aprovação oficial e escolta.
“Embora o Departamento permaneça comprometido com a transparência, ele tem a mesma obrigação de proteger informações confidenciais e sigilosas — cuja divulgação não autorizada pode colocar em risco a vida de militares dos EUA”, disse Hegseth em um memorando.
Ele chamou a proteção de informações confidenciais de inteligência nacional e a segurança operacional de “um imperativo inabalável para o departamento”.
A Associação de Imprensa do Pentágono, uma organização que representa os interesses do corpo de imprensa que cobre as Forças Armadas dos EUA, afirmou que as novas regras pareciam ser um “ataque direto à liberdade de imprensa”.
“A decisão supostamente se baseia em preocupações com a segurança operacional. Mas o Corpo de Imprensa do Pentágono teve acesso a espaços não protegidos e não classificados no Pentágono por décadas, sob governos republicanos e democratas, inclusive após os ataques de 11 de setembro de 2001, sem qualquer preocupação com a OP-SEC por parte da liderança do DoD”, afirmou o comunicado.
O Pentágono não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Reuters sobre a declaração da associação de imprensa.
Desde que o presidente Donald Trump retornou ao cargo em janeiro, o Pentágono iniciou uma investigação sobre vazamentos que resultou na licença administrativa de três funcionários.
Também exigiu que organizações de mídia tradicionais, incluindo o New York Times, o Washington Post, a CNN e a NBC News, desocupassem escritórios em um novo sistema de rodízio que incluiu outros veículos favoráveis a Trump, como o New York Post, o Breitbart, o Daily Caller e a One America News Network.
O governo Trump afirma que a medida visa permitir que outros veículos de mídia tenham a oportunidade de reportar como membros permanentes do corpo de imprensa.
De forma mais ampla, o governo do republicano implementou testes de detector de mentiras para investigar vazamentos não confidenciais, com alguns funcionários do Departamento de Segurança Interna sendo informados de que poderiam ser demitidos por se recusarem a realizar os testes, informou a Reuters na sexta-feira (23).
A Casa Branca afirma que Trump não tolerará vazamentos para a mídia e que os funcionários federais que o fizerem devem ser responsabilizados.
A ordem de sexta-feira de Hegseth também exige que os membros da imprensa do Pentágono reconheçam a responsabilidade de proteger a inteligência nacional e informações confidenciais, e afirma que eles receberão novas credenciais que os identificarão mais claramente como membros da imprensa.
“Também prevemos um anúncio em breve de medidas de segurança adicionais e um escrutínio mais rigoroso sobre a emissão de (credenciais)”, diz o memorando.