A Justiça de São Paulo negou o pedido de produção de provas feito pela defesa de Paulo Cupertino, acusado de matar o ator Rafael Miguel e os pais. O julgamento de Cupertino está previsto para a próxima quinta-feira (29).
O pedido foi protocolado pela advogada do acusado, Mirian Souza, na sexta-feira (23). No documento, a defesa indagou sobre a realização de corpo de delito e a elaboração do laudo das cápsulas e cartuchos encontrados no local do crime, assim como do spray espargidor. Além disso, também foi pedido a adição nos autos de possíveis imagens de câmeras de segurança localizadas em comércios ou residências próximos ao local dos fatos.
O juiz Antonio Carlos Pontes de Souza, ao negar os pedidos, afirmou que o réu deve “arcar com seus atos”, ao relembrar que Paulo Cupertino destituiu por três vezes os advogados – sendo um particular e duas vezes o defensor público.
“Não se pode aceitar é que a d. advogada, agora constituída, nessa fase avançada do processo (que, repita-se, deve andar para frente, “pro cedere” avançar) queira e requeira, por inúmeras vezes, inovar na instrução probatória, inviabilizando o julgamento na data aprazada”, afirmou o magistrado.
Na decisão, o juiz também destacou que a data do julgamento foi definida em 2024 e as diligências solicitadas não teriam tempo hábil para serem cumpridas e sequer foram aceitas pelo judiciário.
Após o indeferimento, a defesa de Cupertino reiterou o pedido de produção de provas ainda na sexta-feira (23) e ressaltou que já teriam sido feitos e protocolados em março de 2025, pouco mais de dois meses antes da data prevista. O novo pedido ainda não foi julgado.
Outros pedidos
No começo da semana a justiça já havia negado outros pedidos realizados pela defesa. Os pedidos eram para que o julgamento fosse fechado, sem presença de imprensa, utilização de roupas civis, não utilização de algemas e substituição de testemunhas.
Todas as solicitações foram negadas, exceto a utilização de roupas civis, que foi aceita. Sobre a não utilização de algemas, o juiz determinou que a avaliação seja feita no momento do julgamento, pela autoridade policial presente.
Com relação à proibição da entrada da imprensa, o juiz Antonio Carlos Pontes de Souza ressaltou que o caso já é, por si só, público. “É preciso que se entenda que a repercussão social e midiática se dá pela qualidade de uma das vítimas, pessoa pública, ator, o que não mudará com as atitudes processuais.”
Relembre o caso
O crime aconteceu em 9 de junho de 2019 e chocou o país. Cupertino conseguiu escapar das autoridades por três anos, sendo capturado somente em maio de 2022 em um apartamento na Zona Sul de São Paulo, após passar por cerca de 100 endereços em pelo menos três países – Brasil, Paraguai e Argentina.
Segundo a denúncia do Ministério Público de São Paulo, Cupertino mantinha uma relação de posse com a filha, Isabela Tibecherani Matias e não aceitava que a jovem se relacionasse com o ex-ator da novela infantil.
Os documentos que constam no processo do caso apontam que na data do crime, Isabela saiu para se encontrar com o namorado em uma praça perto de casa, no bairro do Socorro, Zona Sul de São Paulo.
Quando Cupertino chegou em casa e não encontrou a filha, falou com a esposa e exigiu que ela voltasse. Seguindo a ordem do ex-marido, a mãe da adolescente, Vanessa Tibcherani de Camargo, tentou ligar para a filha, mas não conseguiu.
Na sequência, a mulher decidiu ligar para o celular de Rafael, porém quem atendeu foi a mãe dele, pois ele havia esquecido o celular em casa. Depois disso, os pais do ex-ator decidiram levar o telefone para o filho.
Quando encontraram o jovem casal, optaram por também levar Isabela em casa e aproveitar a oportunidade para conversar com Paulo Cupertino no sentido de pedir uma aprovação do namoro do casal.
O crime
Segundo o relato de Isabela à polícia, o pai nunca aceitou o relacionamento dela com Rafael. Ela contou que na época que Cupertino soube do namoro, “ficou muito bravo”, pois sempre foi muito possessivo.
Isabela contou que quando os pais de Rafael foram deixá-la em casa, Cupertino quem atendeu o portão. Ele teria sido ríspido com os pais do ex-ator e pediu que ela entrasse, fechando a porta em seguida.
Neste momento, segundo o relato de Isabela, Miriam, a mãe de Rafael, pediu para conversar. O que aconteceu na sequência foram diversos tiros disparados em relação a Rafael e os pais. A perícia contabilizou ao menos treze disparos. Todos morreram no local.
Carta
Cupertino enviou um pedido de habeas corpus em uma carta escrita a mão endereçada à Justiça. O pedido de habeas corpus foi apreciado e negado pela Justiça, que não reconheceu as alegações feitas pelo réu.
No documento, Paulo Cupertino pede por um juiz imparcial, assim como “toda pessoa acusada de delito tem o direito a que se presuma sua inocência”, segundo a carta.
“Bem antes da minha prisão venho sendo acusado, massacrado e perseguido de formas e informações totalmente desprovidas e mentirosas, “aximos” (sic) e suposições”, diz outro trecho. Veja a carta.
