Solidariedade ajuda famílias a recomeçar após incêndio no bairro Encantada, em Garopaba (SC)

“Em uma hora e meia, tudo já estava no chão. Toda a estrutura que construímos com tanto esforço, todo o investimento de mais de um ano… Estava ali a nossa vida inteira. Nossa história, memórias, instrumentos musicais, livros, roupas […] Pensamos cada detalhe daquela área com muito cuidado e respeito.”

O desabafo é da psicóloga e psicanalista Anamália Thorstenberg Ribas, de 50 anos, proprietária de uma das duas casas destruídas por um incêndio na madrugada do último domingo (25), no bairro Encantada, em Garopaba, Sul de Santa Catarina.

Anamália mora com o companheiro, Carlos Vanderlei Ávila, de 55 anos, também terapeuta. Naturais do Rio Grande do Sul, o casal escolheu Garopaba para viver há mais de duas décadas. No terreno onde residiam, construíram uma casa de cerca de 70m² e, no andar inferior, um consultório com aproximadamente 40m². Quase nada sobrou das duas estruturas feitas de madeira.

Como era a casa do casal antes do incêndio.

O fogo

Segundo Anamália, o incêndio começou por volta da meia-noite, enquanto dormiam. “Meu companheiro acordou com o alarme da nossa caminhonete disparando sem parar, e também ouvimos muitos estalos — um barulho alto, que já era o fogo atingindo toda a parede de madeira do salão de trabalho, no andar de baixo, além das telhas e da parte superior da caminhonete”, relembra.

Ainda de acordo com ela, em meio à fumaça densa, só houve tempo para resgatar os animais de estimação — a gatinha Mandala e a cachorrinha Docinho — além de alguns documentos, uma bolsa e os celulares. Após escaparem, o casal acionou o Corpo de Bombeiros para conter as chamas, que também atingiram e destruíram a casa ao lado, onde mora Priscila Ramos da Silva com os dois filhos.

Local de difícil acesso

Segundo os bombeiros, os imóveis ficam em uma servidão de difícil acesso. Quando a equipe chegou ao local, realizou o combate às chamas e o rescaldo, utilizando cerca de 8 mil litros de água. As causas e o ponto de origem do incêndio ainda são desconhecidos.

Servidão onde fica as casas das vítimas.

Após o rescaldo, a corporação informou que foi necessário utilizar uma retroescavadeira para retirar a viatura ABTR-50, já que o local — com estrada de barro e sem espaço para manobras — apresentava condições inadequadas para a circulação do veículo.

Em entrevista à PIXTV, Anamália destacou as dificuldades enfrentadas pelos moradores da região, que, segundo ela, carecem dos servidos da Casan e Celesc.

“As nossas principais necessidades hoje seriam um apoio maior da prefeitura para aquela rua, para aquela comunidade onde moram pessoas há bastante tempo. Seria viabilizar uma rua decente, com água e luz funcionando para todos os moradores”, afirmou.

Ela explica que o asfalto chegou até a estrada geral da Encantada, que vai até o Centro Espírita Deus, Jesus e Caridade, mas a partir dali — tanto à direita, em direção à Montanha Encantada, quanto à esquerda, onde ficava sua casa — a via continua de barro.

Recomeço e solidariedade

Agora, tanto o casal quanto a família de Priscila enfrentam o desafio de recomeçar do zero e reconstruir tudo o que o fogo levou. Entre perdas materiais e o impacto emocional da tragédia, o apoio da comunidade tem sido fundamental.

Anamália e Carlos estão temporariamente abrigados em um loft emprestado no bairro Ferraz, onde, aos poucos, tentam reorganizar a vida. “Estamos muito felizes com toda a mobilização que está acontecendo […] Hoje conseguimos lidar com tudo de forma bem mais leve. No início, foi aquele estado de choque”, relata a psicóloga.

Ela destaca o acolhimento recebido desde o incêndio, com doações de roupas, alimentos, itens básicos e muitas mensagens de apoio. “A Márcia, proprietária do Mercado do Morro, está colaborando muito, arrecadando diversas roupas e mantimentos em seu estabelecimento. Como já estamos recebendo muitas doações, combinamos de organizar um brechó comunitário, e ela gentilmente cedeu o espaço dela para isso”, conta.

No próximo sábado (31), será realizado um mutirão de limpeza no local do incêndio, com a expectativa de reunir mais de 45 voluntários. “Os dois terrenos passarão por uma limpeza geral, e precisamos de contêineres para armazenar todo o material — escombros de madeira e outros resíduos”, explicou a moradora, que informou ainda que pretende acionar a prefeitura para conseguir o lixeiro.

A reportagem entrou em contato com Priscila, moradora da outra residência atingida, e aguarda retorno para atualizar a matéria.

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