Testemunha: Se tivessem seguido protocolo à risca, 8/1 não teria acontecido

Em depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), a ex-subsecretária de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal Cintia Queiroz afirmou que, se o protocolo tivesse sido seguido à risca em 8 de janeiro de 2023, “com certeza” os atos antidemocráticos não teriam acontecido.

A declaração foi feita durante oitiva nesta terça-feira (27) como testemunha de defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, no âmbito da investigação acerca de uma tentativa de golpe de Estado para após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) em 2022.

Questionada pelo advogado de Torres sobre um trecho específico do “Procolo de Ações Integradas” que citava a proibição do acesso de pessoas na Praça dos Três Poderes, ela confirmou que essa parte foi aprovada pelo ex-ministro.

“Se o PAI [Protocolo de Ações Integradas] tivesse sido cumprido à risca, o 8 de janeiro teria acontecido?”, indagou a defesa de Anderson Torres.

“Com certeza não”, respondeu Cintia.

De acordo com ela, o plano foi elaborado com base em inteligência. No entanto, a ex-subsecretária justifica que talvez “as informações não tenham chegado a tempo de fazer um planejamento de papel de forma antecipada”.

“Nós tratamos de uma manifestação inopinada, diferente quando trabalhamos a posse do presidente, 7 de setembro, trabalhamos com três meses de antecedência. Para essas manifestações, foram dois dias. Talvez as informações não tenham chegado a tempo de fazer um planejamento de papel de forma antecipada. Então não sei como as informações de inteligência foram tratadas”, disse.

Torres é réu na Suprema Corte pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.

Durante as investigações, a chamada “minuta do golpe”, que descrevia a trama elaborada, foi encontrada na casa do ex-ministro, que, por sua vez, diz que o “papel não foi para o lixo por mero descuido”.

Ele chegou a ser preso durante operação da Polícia Federal, mas foi solto algum tempo depois, por determinação do ministro Alexandre de Moraes.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.