
O estudo mostrou que um em cada seis estudantes admitiu que ainda usa o celular em sala de aula. Nas respostas, os principais motivos foram a necessidade de falar com a família, a vontade de conversar por mensagens e de usar redes sociais. Um em cada seis estudantes ainda usa celular na sala de aula mesmo após proibição
No Brasil, desde janeiro uma lei proíbe o uso de celular nas escolas. Uma pesquisa mostra o que mudou no comportamento dos estudantes de lá pra cá.
Na casa da Bruna e da Beatriz, o tempo de uso de tela é controlado. No máximo, três horas por dia. E nada de celular na escola.
“Eu tenho amigo, eu brinco, eu corro demais para ficar pensando em celular”, diz Bruna Marcelino de Almeida, de 14 anos.
“O celular, além de tirar atenção, eles não sabem o limite. Eles vão vendo, quando vê, já passou… passou o intervalo, ou, em casa, passou o tempo de tomar banho. Eles não sentem nem fome com o celular”, comenta a dona de casa, Sueley Marcelino.
Desde o começo do ano, uma lei proíbe o uso do celular nas escolas de todo o país durante a aula, o recreio e nos intervalos. Com exceção do uso para fins pedagógicos, com autorização do professor, ou em casos específicos, de alunos com deficiência ou com problemas de saúde.
Uma pesquisa do Instituto Equidade, em parceria com a Frente Parlamentar de Educação da Câmara dos Deputados, monitorou a aplicação da lei. Ouviu alunos do sexto ao nono ano do ensino fundamental e do ensino médio, além de professores e gestores.
51% dos alunos disseram que não levam mais o celular para a escola. Entre os que ainda levam, 33% por cento levam todos os dias, 7% quase todos os dias e 6% de vez em quando.
A pesquisa mostrou que um em cada seis estudantes admitiu que ainda usa o celular em sala de aula. Nas respostas, os principais motivos foram a necessidade de falar com a família, a vontade de conversar por mensagens e de usar redes sociais.
Em uma escola em Samambaia, a 30 quilômetros de Brasília, os alunos podem levar o celular, mas o aparelho tem que ficar desligado e dentro da mochila. Se o aluno precisar falar com os pais, por exemplo, a recomendação é procurar a orientadora educacional, que faz o contato com a família.
A diretora disse que a mudança transformou a dinâmica da escola.
“Isso fez com que os alunos passassem a socializar mais, tivessem uma participação nas aulas muito maior. A interação durante as aulas tornou-se mais dinâmica, mais participativa. As notas dos educandos melhoraram consideravelmente”, afirma Keila Espíndola.
Especialistas em educação destacam a importância da participação dos pais.
“A gente já está dando um apoio às famílias, que é tirando o celular durante uma parte do dia dessas crianças e adolescentes pra que eles aproveitem a aula, aproveitem os colegas, aproveitem os professores. Uma regra que é construída por todo mundo é mais obedecida que uma regra imposta de cima pra baixo”, analisa Israel Batista, conselheiro do CNE.
Pesquisa mostra o impacto da proibição do celular em escolas
Reprodução/TV Globo
LEIA TAMBÉM
Lula sanciona projeto que limita uso de celulares nas escolas; saiba o que muda com a nova norma