
No Dia Mundial do Hambúrguer, celebrado nesta quarta-feira (28), o g1 conta histórias e curiosidades de três negócios prósperos com sanduíches em São Carlos e Matão. Lanchonetes de São Carlos e Matão agradam clientes com sanduíches que oferecem
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Hoje, com poucos cliques, o acesso às mais variadas possibilidades gastronômicas é garantido. E os lanches, convenhamos, nunca saem de moda. Mas muita gente não faz ideia o tamanho do desafio de proporcionar uma experiência de qualidade aos consumidores.
Neste 28 de maio, em que é celebrado o Dia Mundial do Hambúrguer, o g1 conheceu três histórias que representam bem a saga de tocar um negócio e prosperar mesmo em meio às dificuldades do processo, em São Carlos e Matão, no interior de São Paulo.
Para isso, planejamento, inovação, força do trabalho em equipe e até a sorte são condutores importantes à busca por sucesso.
🍔😋E obviamente, não pode faltar a suculência de lanches que caiam no gosto do público.
‘Cadê o dono?’
Melina Gielfi, 36, está à frente de hamburgueria em São Carlos há quase 10 anos
Arquivo Pessoal
Em 2016, Melina Gielfi estava cansada de ficar em casa depois de ter deixado a área bancária. Viu o anúncio de uma hamburgueria que estava à venda em São Carlos (SP) e aquela voz interna do “por que não arriscar?” falou bem alto.
A empreitada de quase 10 anos, entre outros percalços, resiste à separação e morte do ex-companheiro, que contribuiu com o andamento do projeto. Não bastasse esse grande obstáculo, lidar com o machismo e os estigmas ainda faz parte da rotina.
“Às vezes, você está ali atendendo, ajudando, mas os clientes perguntam quem é o dono. Hamburgueria tem esse estereótipo do cara barbudo e tatuado. As tatuagens eu já tenho”, brincou a proprietária da Rock Burguer House.
Ser mulher e comandar também impacta outras vivências dela.
“Às vezes, você precisa lidar com encanador, eletricista, e muitas vezes têm que ficar justificando para um eletricista que eu sei sobre o componente da fritadeira, mesmo que a pessoa pense que eu não sei nem onde liga o botão. Por isso eu valorizo ter uma equipe com muitas mulheres. Nunca foi uma questão de preferência, mas sim de identificação.”
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Melina e equipe cheia de mulheres têm prosperado em São Carlos
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À parte aos desafios estruturais, Melina reforça a necessidade de atenção à qualidade do que oferece à clientela. “Fazer um bom hambúrguer hoje em dia não é mais um diferencial, é uma obrigação. Todo o resto que está em volta faz a diferença: cardápio, arquitetura, atendimento”, resume.
Desde o início do negócio, a hamburgueria já mudou de endereço para oferecer mais conforto e a gestora sempre está atrás de aperfeiçoamento. Entre tantas boas pedidas da casa, ela destaca o chamado Punk Bacon, com pão de brioche, 150 gramas de hambúrguer, fatia de bacon crocante, cebola roxa e molho de páprica.
Mãe e filho ‘no toque’
A presença feminina também é uma realidade na lanchonete que virou a “segunda casa” de Fernando Bacci, em Matão — tudo começou graças ao sonho da mãe dele, Dora Bacci. Ela trabalhava em uma empresa tradicional da cidade, mas queria montar um negócio.
“Ela começou com um namorado da época, conciliando. Depois, foi mandada embora da empresa e resolveu apostar na lanchonete 100% do tempo, mas separou do namorado. Eu lembro até hoje. Ela estava triste e falou assim no dia: você e uma amiga vão comigo, Fernando. Eu vou fazer um lanche, se falarem que está bom vou continuar”, lembrou o administrador do Alabama Lanches.
Fernando e Dora Bacci (à esquerda) e relógio antigo com recordação do início do negócio
Arquivo Pessoal
Adivinha? As “cobaias” gostaram do sanduíche. O Fernando tinha 14 anos na época e atualmente tem 40. Ou seja, o progresso do sonho continua há pelo menos 26 anos.
Dora, até pouco tempo atrás, ia todas as noites à lanchonete, mas agora fica responsável pela preparação de alguns produtos, à tarde. É o filho quem fica mais atento à operação noturna.
“O desafio foi ter um bom produto para oferecer e conquistar cliente. No começo você não sabe se vai ter cliente ou não, e se o cliente vai gostar do seu produto. A gente tem, todos os dias, que se desafiar, dos empreendedores mais experientes aos menos. No meu caso, o ambiente familiar foi bom”, destacou Dora.
Se no começo do negócio o adolescente Fernando pouco entendia da complexidade envolvida, o tempo trouxe a experiência necessária. “No início era ‘pagou as contas, tá bom’. Não sabia nem precificar. Hoje a gente tem uma vida legal, organizada, com tudo muito calculado, evitando desperdício”, afirmou.
Hoje, equipe comandada por Fernando é “super família”: tem esposa, filha, cunhada e sobrinho
Arquivo Pessoal
Depois desses anos de “chapa”, um dos carros-chefes é o famoso X-Alabama Tudo: leva pão, 190 gramas de hambúrguer da casa, queijo prato, bacon, ovo, presunto e salada.
Toque de sorte e inovação
Se alguns negócios levam anos para se estruturar, outros contam com o acaso, as coincidências e a sorte para uma guinada logo de cara.
A família de Tiago Freitas resolveu criar uma lanchonete em São Carlos com “sanduíches brutos”. E a escolha do nome do estabelecimento teve relação com essa característica: Quase 2 Lanches.
“Nos anos 2000 estava aquela febre das lojas de 1,99. E a ideia inicial da minha família era um lanche prensado com mais recheio, um lanche que valia por dois. Só que aí muita gente começou a ir na lanchonete achando que o lanche custava dois reais por causa dessa febre da época. Quando descobriam que não era isso, alguns iam embora. Mas outros resolviam experimentar e viam que o produto era acima da média”, disse Tiago, sem modéstia.
Tiago Freitas contou com a sorte (e muito trabalho) para prosperar em São Carlos
Arquivo pessoal
De lá para cá, de um espaço que comportava 20 clientes, o estabelecimento passou a comportar até 320 na loja principal e até tem uma outra unidade, em Araraquara. “Temos 12 chapeiros, 14 motoqueiros. Em noite de sábado, chegamos a vender dois mil lanches”, contou o administrador, que diz “respirar” o negócio o dia inteiro.
O grande atrativo do cardápio, segundo ele, é um sanduíche chamado Imperador, com 400 gramas de hambúrguer, bacon crocante, 200 gramas de fondue de queijo e cebola roxa. “Esse o homem lá de cima me ajudou. Criei e considero até meio que uma inspiração divina, porque veio numa época da pandemia que estava bem complicado”, afirmou.
Além dessa opção, a lanchonete ousa ainda mais e oferece um sanduíche de três andares, com pão, tomate, maionese, frango, lombo, hambúrguer, presunto, ovo, milho, azeitona, catupiry e muçarela. A pedida sai por nada menos que R$ 99.
🤑😃 Dicas para um hambúrguer de excelência e sucesso nos negócios
O g1 pediu dicas aos entrevistados sobre como entregar os melhores lanches com hambúrguer e alcançar bons resultados:
🍔🔑 Para Melina, a chave é o “equilíbrio entre ingredientes”.
“Cada hamburgueria tem sua identidade. Então é preciso equilibrar para que você sinta todos os sabores, todas as camadas de sabores. Eu não uso cardápio com muitos ingredientes, senão mistura tudo e não se sente nada direito. É importante buscar composições que deem equilíbrio entre os ingredientes e você sinta o prazer de todos eles juntos, mas também consiga identificar todos eles em separado.”
Punk bacon é boa pedida da hamburgueria administrada por Melina, em São Carlos
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🍔🔑 Para Fernando, a chave é a “fusão” de carnes e gordura.
“Antigamente era a gente mesmo que fazia a ‘massa’ do hambúrguer, com carne, farinha de rosca. Hoje mudou muito e a gente até terceiriza: pede para que haja dois ou três tipos de carne, com uma porcentagem de gordura, uma liga para dar uma sustentabilidade e suculência maior.”
O X-Alabama Tudo, feito na lanchonete do Fernando
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🍔🔑Para Tiago, a chave é o misto entre o “lanche prensado” e o “hambúrguer” gourmet.
“Eu mesmo apliquei isso no meu negócio. Trouxe itens que o pessoal colocava no gourmet, como bacon crocante, cebola caramelizada, creme de gorgonzola, cheddar, além de um hambúrguer de 400 gramas que parecia um ‘gourmet maior’. Fazer essa junção entre o prensado tradicional e o gourmet salvou minha vida.”
Lanche chamado de ‘Imperador’ é um dos carros-chefes da lanchonete do Tiago
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