Veja a cronologia dos fatos que envolvem o Mensalão, 20 anos após escândalo

O escândalo que ficou conhecido como Mensalão completa 20 anos nesta semana. Mas a suspeita de um esquema de compra de apoio político já era assunto em Brasília desde o ano anterior.

Em setembro de 2004, uma reportagem do extinto Jornal do Brasil com o título “Miro denuncia propina no Congresso” tratou do pagamento de deputados em troca de apoio político. Mas o então deputado Miro Teixeira, ex-ministro das Comunicações daquele primeiro governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), negava as informações publicadas.

Em maio de 2005, a revista Veja divulgou um vídeo. Nele aparece o funcionário dos correios Maurício Marinho descrevendo um esquema de corrupção na estatal e citando o então presidente do PTB Roberto Jefferson.

O termo Mensalão surgiu numa entrevista dada por Jefferson à Folha de S. Paulo. O então parlamentar descrevia um esquema de pagamento de propinas a parlamentares do PT, PL, PTB, entre outros partidos. De acordo com a entrevista, o dinheiro servia para que os partidos votassem a favor de projetos de interesse do governo Lula.

As reportagens com os relatos de esquemas e desvios no governo tiveram ampla repercussão em Brasília e motivaram a instalação de processos por quebra de decoro parlamentar, na Câmara, Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) no Congresso e uma ação penal no Supremo Tribunal Federal.

Tanto as investigações quanto o julgamento do processo tornaram-se referências em cobertura em tempo real e mobilização da opinião pública. A despeito do desgaste na imagem do governo, diante da queda de um homem-forte como era José Dirceu na Casa Civil, Lula conseguiria um novo mandato no ano seguinte, vencendo a eleição presidencial contra o hoje vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), então no PSDB.

Ao todo, as investigações no Congresso resultam em pedidos de cassação de 18 deputados, por envolvimento no Mensalão. Desses, apenas Roberto Jefferson, José Dirceu e Pedro Corrêa perderam os cargos e os direitos políticos por oito anos. Outros, como Valdemar Costa Neto (PL), renunciam antes da abertura do processo de cassação.

Em 2006, a PGR apresentou ao STF denúncia contra 40 pessoas supostamente envolvidas com o esquema. No ano seguinte o STF converteu o processo em ação penal e os acusados passaram a responder como réus.

Em 2 de agosto de 2012 o Mensalão começou a ser julgado. Na ocasião, o advogado Márcio Thomaz Bastos pediu o desmembramento do processo, argumento que teve apoio pelo então ministro revisor Ricardo Lewandowski. Irritado, o relator, ministro Joaquim Barbosa, protestou contra a manobra. Foi o início de um duelo que durou todo o julgamento. O pedido não foi aceito.

No dia seguinte, o julgamento começou com a leitura da denúncia pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Os advogados de defesa sustentaram que se tratava de caixa 2. Para facilitar o julgamento, os ministros decidiram votar por núcleos.

O primeiro foi o operacional, liderado pelo publicitário Marcos Valério, que agiu como uma espécie de gerente financeiro. Depois o núcleo financeiro, envolvendo o Banco Rural e o BMG.

Após isso, foi a vez do núcleo político, integrado por Dirceu, Genoíno e Delúbio, entre outros. Foram mais de 50 sessões. Foram condenados 24 dos 38 réus julgados.

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