
Fundação Humanitária de Gaza (GHF), grupo à frente da distribuição de comida, afirmou que todos os postos de ajuda estão fechados nesta sexta (6), sem previsão de retomada. ONU critica falta de neutralidade e alerta para risco de fome generalizada no território. Uma menina reage após receber uma refeição enquanto outros esperam em um ponto de distribuição em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, em 2 de junho de 2025.
Eyad Baba/AFP
A organização Gaza Humanitarian Foundation (GHF), apoiada por Israel e Estados Unidos, anunciou, nesta quinta-feira (5), ter retomado a distribuição de ajuda alimentar na Faixa de Gaza.
A operação estava suspensa desde quarta, depois de diversos episódios de tumulto, tiros e mortes de palestinos.
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A GHF afirma ter entregue 1,4 milhão de refeições desde que começou a operar.
Apenas dois locais na região de Rafah, no sul de Gaza, funcionariam nesta quinta, após todos os locais terem sido fechados no dia anterior para manutenção. A GHF havia inaugurado três pontos no início da semana, e um dos locais de quinta-feira estava em um novo local, informou a organização.
A GHF, que tem sido duramente criticada por organizações humanitárias, incluindo as Nações Unidas, por sua falta de neutralidade, começou a distribuir ajuda na semana passada.
A ONU alertou que a maior parte da população de 2,3 milhões de Gaza corre risco de fome após um bloqueio israelense de 11 semanas ao território — considerado um enclave por sofrer um bloqueio, por Israel, em suas fronteiras terrestres e também em sua costa.
Gaza Humanitarian Foundation
A organização, com sede no Delaware, estado americano que funciona como um paraíso fiscal, foi criado em fevereiro sem histórico de atuação relevante em lidar com crises humanitárias, mas que mesmo assim recebeu sinal verde dos EUA e de Israel para controlar a distribuição de ajuda em Gaza.
Até mesmo as origens do grupo são opacas. Inicialmente, falou-se que o grupo tinha registro na Suíça, mas jornalistas não encontraram nada no endereço indicado. O registro no Delaware foi descoberto pelo jornal “The New York Times”.
Além disso, segundo informações do “Times” e do jornal israelense “Haaretz”, a GHF mantém laços estreitos com duas empresas dos EUA que ficaram responsáveis por garantir a segurança nos centros de distribuição em Gaza.
Essas empresas são a Safe Reach Solutions (SRS) e UG Solutions. A primeira delas é ligada a um ex-agente da CIA. Segundo o jornal americano, não está claro de onde vem o dinheiro da GHF, tanto para pagar as firmas de segurança quanto para distribuir os alimentos.
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