Veja como as exportações são afetadas com certificado livre de febre aftosa

Na visita oficial à França, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, receberam o certificado que reconhece o Brasil como um país livre de febre aftosa sem vacinação. O status internacional foi concedido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) no final do mês passado.

Em entrevista à CNN, Carlos Fávaro disse que o certificado abre caminho para que o Brasil possa exportar carne bovina para países como Japão e Coreia do Sul, por exemplo, que só importam o produto de mercados livres da doença sem vacinação.

Na avaliação do pesquisador da FGV/Agro Felippe Serigati, o status internacional concedido pela OMSA não deve aumentar substancialmente as exportações de carne bovina brasileira.

“É uma boa notícia. Mas não vejo, pelo menos no curto e médio prazo, que isso vai aumentar substancialmente as nossas exportações. Pode até aumentar, mas pelo volume que a gente já exporta, não vai ser um diferencial no final do ano na nossa exportação”, afirmou à CNN.

Segundo Serigati, há outras exigências adotadas pelo Japão e pela Coreia do Sul para importação de carne bovina. A raça e o tipo de corte, por exemplo, são considerados por esses mercados.

“Não é simplesmente ter o selo para atingir os mercados. O comprador tem preferências”, disse. Em seguida, completou: “Há um conjunto de atributos que o demandante está solicitando. Nós temos condições de atender, mas essa porta não vai se abrir de forma imediata”.

O pesquisador da FGV/Agro destaca que a aquisição do selo é positiva para a celebração de um novo acordo comercial, já que é mais um elemento favorável ao comércio brasileiro. “É uma condição necessária, mas não é uma condição suficiente”, diz.

De acordo com Thiago Bernardino, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP), o interesse de países com padrões exigentes, como o Japão, por mercados livres da febre aftosa impulsionou a corrida dos estados brasileiros pelo status.

Até 2024, somente Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e do Mato Grosso tinham o reconhecimento OMSA.

“São dois mercados interessantes [Coreia do Sul e Japão], principalmente o japonês que é bom pagador. Paga bem pela carne e abre um horizonte interessante para o Brasil”, disse Thiago à CNN.

Em maio do ano passado, o governo brasileiro havia se autodeclarado livre de febre aftosa sem vacinação animal. No entanto, o certificado para todos os estados brasileiros só foi concedido neste ano.

Embora o Brasil estivesse livre de febre aftosa sem vacinação desde 2024, os protocolos estabelecem um prazo para assegurar o status sanitário internacional, explica Thiago Bernardino.

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