Cortes de ajuda dos EUA impedem envio de contraceptivos a países pobres

Contraceptivos que poderiam ajudar a evitar milhões de gravidezes indesejadas em alguns dos países mais pobres do mundo estão presos em depósitos devido aos cortes de ajuda dos EUA. Os itens e medicamentos também podem ser destruídos, segundo apurou a Reuters com duas fontes do setor de ajuda e um ex-funcionário do governo.

O estoque, mantido na Bélgica e em Dubai, inclui preservativos, implantes contraceptivos, pílulas e dispositivos intrauterinos (DIUs), que juntos valem cerca de US$ 11 milhões (aprox. R$ 61 milhões), disseram as fontes à Reuters.

A carga está parada desde que o governo Trump começou a cortar a ajuda externa como parte de sua política “America First” em fevereiro, uma vez que o governo dos EUA não quer mais doar os contraceptivos ou pagar os custos de entrega.

Em vez disso, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) pediu à empresa contratada que gerencia a cadeia logística de saúde, a Chemonics, que tentasse vendê-los.

Um memorando interno da Usaid, enviado em abril, dizia que uma quantidade de contraceptivos estava sendo mantida em depósitos e que deveria ser “transferida imediatamente para outra entidade para evitar desperdício ou custos adicionais”.

Já um funcionário sênior do Departamento de Estado dos EUA disse à Reuters que nenhuma decisão havia sido tomada sobre o futuro dos contraceptivos. Eles não responderam a perguntas sobre os motivos pelos quais os itens estavam armazenados ou sobre o impacto dos cortes e atrasos na ajuda dos país americano.

Um porta-voz da Chemonics afirmou que não poderia comentar sobre os planos da Usaid, mas acrescentou que a empresa está trabalhando com clientes para fornecer ajuda que salva vidas em todo o mundo e que continuaria a apoiar as prioridades da cadeia logística de saúde global do governo dos EUA.

Falta de resposta dos EUA

O estoque representa pouco menos de 20% do suprimento de contraceptivos comprados anualmente pelos EUA para doação no exterior, disse um ex-funcionário da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional à Reuters.

Vender ou doar os contraceptivos tem se tornado desafiador, de acordo com o ex-funcionário da Usaid, embora as negociações estejam em andamento. Outra opção que está em discussão é a destruição, a um custo de milhões de dólares. Com o passar do tempo, a validade também se tornará um problema, declarou uma das fontes.

Ainda de acordo com as informações fornecidas, um dos principais impedimentos é a falta de resposta do governo dos EUA sobre o que deve ser feito com o estoque.

Esses itens eram destinados, em grande parte, a mulheres vulneráveis na África Subsaariana, incluindo meninas jovens que enfrentam riscos maiores à saúde devido à gravidez precoce, bem como àquelas que fogem de conflitos ou que, de outra forma, não poderiam pagar ou ter acesso aos contraceptivos.

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